sábado, 6 de fevereiro de 2016

O fim da Jornada- 27/09/2005

Por nove anos a fio, os gregos acampavam diante de Tróia , tentando inutilmente vencer a resistência da cidade. No 10° ano, tomados pelo desânimo, muitos guerreiros começaram a lamentar esse tempo imenso que tinham passado longe de casa e da família; vozes descontentes cada vez mais fortes, começaram a se ouvir entre as tendas, junto aos navios, cuja madeira já começava a apodrecer. No peito de cada um crescia a vontade de voltar para a Grécia.
Foi então que Ulisses, decidido a vencer esta guerra, reuniu-os em assembléia e dirigiu-se a ele num tom cheio de indignação. Chamou-os de fracos, de poltrões, acusou-os de romper o juramento que tinham feito,. de não retornar para Grécia, enquanto as maravilhas de Tróia continuarem de pé. "Pois eu tenho vergonha de voltar com as mãos vazias; ou encho meu navio de riquezas, ou morro lutando em combate e deixo meu nome imortal. É isso que esperam de mm!"Suas palavras inflamadas tocaram o coração dos guerreiros , e, um a um, foram erguendo a voz num brando de entusiamo que reboou pela imensa planície. Os gregos voltaram ao combate, renovados e algumas semanas depois a bela Tróia dos telhados dourados tinha caído por terra. Suas riquezas foram dividias entre os chefes que partiram, em suas naves abarrotadas, rumo ao Sul, rumo à pátria saudosa.
Quase dez anos depois, depois de muito naufrágios, Ulisses ainda lutava para chegar em casa. Em cada ilha porque passou, perigos e tentações estavam à espreita para interromper a sua jornada; ele venceu a todos, mas foi perdendo os companheiros os navios e todo o ouro que trazia de Tróia. Agora, sozinho e miserável, agarrado ao leme da tosca jangada que ele mesmo construiu, continua navegando , seguindo as estrelas, cheio de esperança: estava determinado a chegar a sua amada Ítaca, mesmo sabendo que um onda mais forte, a qualquer momento podia destruir sua frágil embarcação. Em troca desta jangada, tinha deixado para trás até mesmo o amor de uma belíssima deusa, Calipso, que lhe daria a vida eterna e a eterna juventude, se ele ficasse ao seu lado. Ele recusou a oferta porque não era mais o Ulisses de Tróia; não mais queria riquezas, não mais sonhava em ser imortal. Um a um, tinha visto seus companheiros morrerem e, sozinho, compreendeu que era um home como os outros, e que o seu destino era voltar para a mulher e o filho, mesmo que fosse para envelhecer e morrer como todos os demais. Queria ver o seu reino de novo, queria pisar, mais uma vez, na terra em que tinha nascido, e sabia, agora, que os troféus e tesouros que ele não trouxe de Tróia não tinham a menor importância, pois teria chegado ao lugar onde queria viver a sua derradeira jornada.

Esse texto de Cláudio Moreno nos faz entender a origem da Banda calipso e o universo de Chimbinha em relação a Joelma. Muitos de nós somos assim, e que, durante a nossa jornada, acabamos de nos identificar com a trajetória de Ulisses, basta a gente imaginar, quem tiver a capacidade de compreensão do texto. A única que não podemos admitir é a traição e a falta de lealdade pelas pessoas que tanto nos acompanharam durante a vida e diante de tantas batalhas. Fatos isolados podem nos mostrar a quem estávamos aliados durante tanto tempo e do qual nos enganamos no final da caminhada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, se você tiver coragem...