segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Magali Moraes: migalhas do cotidiano

"Sabe aquele farelinho de pão que fica esquecido no canto da mesa? O pedacinho de chocolate que cai no chão e ninguém vê? É disso que eu me alimento pra escrever a coluna: migalhas do cotidiano. Troque o pão e o chocolate por situações minúsculas do dia a dia. Eu não desperdiço nada, vou juntando o que encontro por aí. Palavras, sentimentos, desabafos, histórias, sensações. Muitas vezes me pergunto se aquele farelinho simpático vai conseguir crescer, saltar aos olhos e interessar a mais alguém. Pode ser uma frase que disseram do meu lado, e tem amigos que já cuidam o que vão falar porque sabem que tudo pode virar coluna."

"Quando abro o armário da cozinha e escolho qual caneca vou tomar café, posso encontrar o tema de uma coluna. Quando entro nos quartos dos meus filhos e observo eles dormindo, é uma cena tão cheia de amor e de detalhes que eu teria assunto pra um ano. Como não olhar pra esses homens quase maiores que o colchão e lembrar que eles já tiveram pés de bisnaguinha? Falando nisso, você já aproveitou o sono tranquilo de um filho pra voltar no tempo e se apaixonar de novo?"

Nelsonpoa: No começo do texto cheguei a pensar que era um texto de Lya Luft, de que seria mais amostra do quanto somos vulneráveis nos nossos relacionamentos e pensamentos, medíocres por certas vezes no nossos interesses e naquilo que buscamos com tanta persuasão. Na verdade o texto fala de inspiração e de como ela ocorre e onde buscamos as ideias para escrever sobre o dia a dia, quando fala-se em farelo e a bola de neve que ele pode virar é o grande desafio desse texto. De como evitar que farelos, migalhas e sobras acabem se tornando tão grandes que são capazes de nos derrubar do cavalo e o desejo incontido de outras pessoas que isso realmente acabe na maior confusão. No que era para ser algo de imenso prazer, acaba por se tornar a amargura ver as pessoas sofrendo e doentes por não transformar migalhas e farelos em lixo orgânico
Inspiração está em todo lugar, e a toda hora, mas depende muito do quanto você leu durante a sua vida ou do quanto você vivenciou e viu coisas que de tanto que aquilo foi marcante para você, acaba se tornando outras vidas em você mesmo.

Quando envelhecemos a dificuldade de nos apaixonar é muito maior, podemos nos apaixonar por que a gente foi no passado, porque naquela época era tudo sensual e a gente respirava energia e alegria, o mundo girava a nossa favor, não conseguimos mais lidar com tantas diferenças em pessoas que não nos identifica sem que a gente possa recomeçar de novo, porque como era antes nunca mais vai ser. O meu conselho é na verdade um desafio, para os que estão acima dos cinquenta, se apaixone de puder, como no início e sem falsos protecionismos e indicadores financeiros, se apaixone por alguém que você queira que seja aquilo que você almeja e deseja, se você conseguir, você não é desse planeta.

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