19/05/2010 - Agarramento

 - Realmente tu és uma criança e não adulto, pra saber separar as coisas. 

Claro que sempre colocaste que não queria, nem quer nenhum envolvimento com ninguém. 

O que aconteceu causou um constrangimento maior do teu lado do que da minha parte. 
Eu gostei, sim poderia ter ido até o fim, sim, mas acho que tu não tem maturidade suficiente pra lidar com isso. 
Eu me senti constrangida pela tua reação. 
Já te disse milhares de vezes, não sou menina, sou mulher adulta, que não esteve, nem está apaixonda por ti, nem desenvolveu nenhum tipo de amor platônico ou paixão recolhida. Acho que tu que não conseguiu entender isto.

Por enquanto deixa assim. 
Bj 

  -  Na realidade, eu sempre coloquei para ti que as coisas não deveriam passar da fraternidade. Não costumo misturar as coisas, sabes bem disso, pois eu sempre fui sincero em dizê-lo a ti. Acontece também, que eu me sinto constrangido de negar isso ou aquilo por, talvez não usar as palavras corretas, com medo de ferir a quem não desejo tal sentimento e deixo as coisas acontecerem, ferindo a mim próprio, mas eu me acostumei a lamber minhas próprias feridas.

     Entendes o que estou tentando te escrever? É difícil traduzir em palavras, sentimentos e eu estou aqui pensando muito para colocar sentimentos em palavras que não sejam duras, mas que sejam sinceras. Naquela ocasião eu deveria ser contundente e não permitir que entrasses em minha casa por aqueles motivos que eu já expusera e também por causa do que eu já previra que aconteceria depois e aconteceu. Sobrou o constrangimento, não sei se mais da tua ou da minha parte, porém é o que ainda paira no ar. Leio nos teus olhos todas as vezes que por ti passo, mas não sei como dissipar isso tudo, só sei que não tenho nada contra e não mudo o comportamento meu por não desejar que me interpretes de outra maneira, seja qual for.

     Desejo que voltemos a alegria que tínhamos antes, que é a melhor de todas, sem maldades, sem ressentimentos, apenas fraternidade. Eu quase sempre almoço por aqui, enquanto não voltar a fazer musculação ao meio-dia e estou a tua disposição para praticar o passo que tens dificuldade. Não estou dançando mais, apesar de ter ido na semana passada no Ipiranguinha, mas antes já tinha ido no GEraldo Santana, porque ainda sinto dores no quadril, mas estou melhorando aos poucos. Aquela noite que tu tentou me seduzir eu acabei tendo um entorce muscular na região sacral, se é que me entendes.

     Em suma, sou adulto cronologicamente, mas no fundo, aquele menino ainda não me abandonou, ainda brinca de carrinho, ainda só pensa em jogar bola, ainda sobe em árvores para colher frutas, ainda sonha em ser grande... e não há para me pedires desculpa.

     Beijo, 
            
-  Olá:  
  
            Faz tempo que não conversamos. 
            Além do que aconteceu naquela ocasião que saímos pela última vez, eu te fiz mais alguma coisa? 
            Eu não lembro de ter feito alguma coisa e já me desculpei pelo que aconteceu naquele dia. 
            Tenho tentado ser educada, não forçar, nem impor a minha presença, mas achava que as coisas poderiam se normalizar com o tempo.
            Tu simplesmente passou por mim como se eu não existisse, e isto já aconteceu num outro dia, só faltou me pisar como uma barata, eu esperava uma palavra de afeto, um sincero sim, não transei porque eu não quis, ou alguma coisa que valesse a pena se saísse da tua boca. E o pior, foi ficar na seca por mais um tempo, eu não tinha mais paciência
            Hoje até estava com vontade de te pedir um favor. 
            Acho que sabes que estou fazendo aula de dança de bolero, penso que saiba, e que ainda esteja interessado naquela sensualidade esquizofrênica que tu sabes que eu tenho e estou com dificuldades na hora que o professor pede pra dançar livre no final de cada aula. Não sei que passo deve fazer pra onde deve ir. Na hora de treinar o passo em si eu pego, mas quando tenho que colocar todos os passos  na dança livre, aparecem as dificuldades de que não tenho jeito e estava só a fim de querer não passar vergonha e poder encontrar um pé que ficasse sobre o meu. Tinha pensado em te pedir o favor de me dar umas dicas, poderia ser no horário de almoço, pois tenho almoçado aqui, e nem seria necessário sairmos pra dançar em algum lugar na noite (pois com certeza tu não irias).  Era pra provar que realmente gostaria que me ajudasse, sem dar a conotação que vou dar em cima de ti ou te agarrar, que é o que eu mais quero, mas que não precisa ser assim. te distanciar do meu corpito
            Não vou fazer isto, pois hoje tenho a impressão que perdi um amigo pra sempre, ficando restrito ao colega de trabalho que cumprimentamos educadamente ao cruzarmos no corredor, quando vamos no banheiro. Eu acho que isso poderia mudar e a gente poderia sair só para conversar, só isso, nada demais.
Até meu colega certa vez perguntou se tinha acontecido alguma coisa, pois antes éramos diferentes, mais próximos, tínhamos mais interesses comuns, tem alguma mulher te atormentando? Por isso uma vez apesar de tu não demostrar muito entusiasmado, eu te dei um beijo no rosto, quando estavas conversando com Anderson no corredor, que também dei um beijo no rosto dele. Pra demonstrar pra os demais que não tinha anda a ver, era impressão. Acho que tu preza muito pela tua imagem e isto poderia dar menos margem das pessoas realmente pensarem que aconteceu alguma coisa entre nós. Eu quero me mostrar para ti, mas acho que essa é a maneira errada e acho que tu fica mais séptico e mais denso quando reajo dessa forma.
Isto me deixa chateada, pois acho que apesar do que aconteceu, nós somos adultos e pra mim isto poderia facilmente ser superado.
Me desculpe mais uma vez. 
            Tenho a impressão que se tu não tivesse que esbarrar comigo nunca mais seria bem melhor, vou me esforçar pra não te constranger mais. Só não me deixa sem esperança porque depois que me separei eu só encontro cafajestes que querem me agarrar de tudo que é jeito, eu já não me sinto mais pura.