- Melciades,
me chamo Maria Helena, foi certa noite que meu cachorro, o Snoppy, apresentou
problemas de saúde na noite, estava cambaleando e me olhava com aquele jeito
tristonho querendo me dizer de que estava mal. Mas meu namorado havia trazido
um livro para casa sobre o assunto, e
procurei ler alguma coisa que tirasse àquela angústia do Snoppy.
- E o que
aconteceu? Encontrou a solução para o Snoppy? Um Veterinário?
- Não,
encontrei dentro do livro uma carta da
amante do meu namorado, com quem moro há cinco anos, falando que a minha relação com ele já havia
chegado ao fim, de que já era usada, desgovernada, sem trabalho, com duas
relações anteriormente frustradas, das brigas que invadiam os apartamentos dos
vizinhos:que coloquei fogo nos cabelos da vizinha, fui expulsa do condomínio, e
que somente ficava comigo porque tinha medo quando ele dissesse que não me
agüentava mais.
- Mas e o
onde eu entro nessa história?
Ah sim, a
partir daí, mandei meu namorado embora, e procurei uma cartomante, disse que conheceria
um médico, que contaria um segredo e que daria rumo a minha vida, bastaria apenas
fazer a pergunta certa para ele.
- E qual
seria a pergunta, Maria Helena?.
- Melciades,
quando li a dedicatória do livro, que estava com meu namorado, dizendo assim:
“à Maria Helena, a mulher que não conheço, mas serei feliz para sempre...“ foi
para mim que você escreveu?
- Sim, foi
para você, não sei como isso aconteceu de fato, tudo acaba acontecendo sem eu
saber ao certo como aconteceu, na verdade, durante um período que acabei passando
por uma série de situações que me dei por conta que o meu anjo da guarda me
protegeu durante bastante tempo e eu não sei se o que devo fazer agora se isso que dizer tem a
ver com o que escrevi ou não, porque é aquilo que pode fazer com que a gente se
encontre novamente.
- Melciades,
porque você escreveu aquela dedicatória
para mim? Você ainda tem alguma esperança que tudo venha a acontecer
como havia imaginado?
- Eu estava
perdido, não sei ao certo como deveria fazer para te encontrar e em que
momento, sentimentos que transcendiam nossos pensamentos, mas eu não poderia
mais ser amante apenas, de ouvir os outros transando nos motéis, nos encontros
nas banheiros em que você não resistia a água parada por um minuto sequer, de
que não haveria como relaxamento ali nas águas balançando, que eram momentos
que me deixaram realmente extasiados de prazer, tamanha era a tua vontade de
ficar ali, fazendo ondas com a água da banheira, e que depois, saído do
chuveiro não haveria tempo de mais nada, você acabaria dormindo e aproveitando
aquele momento para repousar.
- E como
saberia da questão do livro? De como chegaria até a mim? De que eu leria apenas
a dedicatória sobre ele?
- De que eu
te encontrei aquela noite perdida na vida, descrente do mundo e das relações, e
sabedora de que ainda poderia encontrar alguém que lhe desse aquilo que você
mais queria, um acompanhamento sensual e que você pudesse voltar a dormir como
fazia desde o início dos tempos, de cansar tanto que não poderia nem sequer
ouvir o barulho dos tachos do condomínio. E era isso que realmente importava.
De eu apenas ser uma passagem, para tu seguir a tua vida de forma plena e
racional. De que demoraria para finalmente conseguir esquecer das noites de
sexta, das banheiras com sessões de completa performance sexual, de pé,
deitados ou até emocionalmente engajados naquela total entrega.
- E como
chegamos ao fim, Melciades?
- Chegamos
ao fim, porque você não dependia de mim para mais para nada, pegou o dinheiro da
indenização do trabalho e seguiu a vida isoladamente, não quis saber mais da
minha companhia, me chamou de covarde, disse que eu não sabia me organizar
financeiramente, mesmo assim, queria ficar comigo, desde que eu a assumisse em
casamento, assim como as outras, você não aguentou a pressão e sucumbiu.
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