domingo, 3 de abril de 2016

As estagiárias

Se não me engano foi em 1991, a seleção não optou por ela, e sim por uma menina que já tinha sido estagiária na extinta Caixa Estadual, Nádia acabou entrando pela desistência da outra, que havia achado "coisa melhor" e com certeza não iria ficar muito tempo ali. Estudante do Protásio Alves, na primeira vez que a coisa pegou para o nosso lado, o chefe me chamou e pediu para bater um "memorando", na qual as duas ficaram assistindo nas minhas costas, foi quando eu parei e olhei para trás e falei bem sério: "Platéia, vocês não tem o que fazer?" . Depois de fazer o que tinha que ser feito e resolver a situação complicada que o chefe sempre nos metia. Falo disso porque uma vez ele nos chamou e disse que se pudesse ele nos trocaria a todos e colocaria outras pessoas no nosso lugar, parecia aquele programa "O aprendiz": só faltou dizer: "estão todos demitidos". Eu era o chefe, mas não ganhava como tal, sei que um dia a chefia até veio para nós, mas ele usaram para outro, porque o outro estava usando a chefia que era deles, foi uma total falta de respeito ao funcionário, que acabou sendo beneficiado com essas coisas e com a injustiça que ocorrera, mas enfim, acabei reunindo o pessoal  e dizendo ASSIM: que "NÓS VAMOS PROVAR QUE ELE ESTÁ ERRADO E VAMOS DAR O NOSSO MELHOR, EU CONFIO NO TRABALHO DE VOCÊS"..., depois de um ano, o chefe saiu de férias na coordenação e me deixou no lugar dele, que acabei tendo que resolver um problema n o outro prédio do cara que não deixou a chefia chegar até a mim e outro que envolviam os estagiários que tomaram um porre, todos em  conjunto e não apareceram para trabalhar, depois de uma reunião que fiz com eles cobrando o empenho dos mesmos. Foi tão inusitado, o Portanova reclamando da não presença dos estagiários e eu disse para ele que tinha falado com eles e que estava tudo certo e todos, todos, ao mesmo tempo não vieram porque preferiram ir para Farrapos. O que eu poderia fazer, dei a maior força para eles, mas que agora era a hora de voltar a realidade, citei apenas que numa empresa de porte eles estariam "demitidos".
Depois do que aconteceu com o tal memorando, dona Ana chegou na minha sala e assim muito constrangida disse que a estagiária tinha ido embora, depois de desabar em choro, que eu havia sido grosso e estúpido com ela. A primeira coisa que eu pensei, ainda vou ter que fazer o serviço dessa mandalete, é dose! Eu já havia passado uma situação de uma estagiária chorar na minha frente, e tinha sido ali mesmo, mas até hoje não sei se foi porque ela não queria que eu falasse para ela aquilo que ela já sabia que ela não interessava mais e que o chefão queria que ela cumprisse horário, "mas porque eu? aqui ninguém cumpre!" O tempo daquela época em relação a hoje apenas diz que hoje o medo constante tomou conta da nossa alma, eu preciso que alguém volte a cuidar de mim e eu volte a ter confiança. Sem falar que o marido da Dona Acabou assassinando ela, provavelmente por ciúme, ela não tinha papas na língua, deve ter respondido para o marido que ele não era de nada e ele, tomou a atitude sem noção mais impressionante da nossa vida, acho que o colega Solimar também foi assassinado naquela época, tempos difíceis. Agora há pouco mesmo, o colega Antônio se afogou, trabalhava nos estádios de futebol, bebia, mas ninguém sabe dizer o que aconteceu, ele tinha uma resistência muito grande, mas a idade deve ter traído ele, sei lá.
Gostaria de escrever sobre a D. Isaura, que às vezes saia da casinha, e uma vez, quando estava no auge do ataque de loucura apontou o dedo para mim e acabou dizendo cobras e lagartos, coisa que até eu duvidava do que existia no inconsciente da pessoa. Tomei uma vez café da na casa dela, humilde, ela também tinha um marido nada convicto das suas reais atitudes quanto ao relacionamentos, as mulheres do nosso trabalho seguravam uma onda que não era fácil, os homens eram mesquinhos e ignorantes e não sabiam valorizar a mulher, que por sua vez não sabiam diferenciar a propriedade da individualidade de cada um, o casamento não era de uma única pessoa, e sim de uma união de duas pessoas, em que o respeito e a individualidade precisam ser mantidos separadamente.
Voltando a Nádia, depois daquele episódio de ter que chamá-la e dizer que eu tive que fazer o serviço dela, o meu, e ainda ter que ouvir "letrinha" do que tinha acontecido para eu estar fazendo o serviço da mucra, acabei explicando como são as coisas e que o tipo de trabalho que ela faz é importante, tanto quando ao meu e que uma equipe não chora por trabalho, chora por momentos inesquecíveis que vivem fora dele, e foi o que aconteceu, várias vezes nos encontramos depois, ela tinha se separado do meu primo, e acabou por sair várias vezes comigo na noite e nos videokês chegamos a cantar juntos e eu até homenageá-la com músicas do Roberto Carlos: "Mulher pequena". Ela era linda e por demais sensual. Um dia a mãe dela disse para ela, ele é casado! E dali mesmo a gente achou por bem seguir os nossos caminhos, separadamente.

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