terça-feira, 6 de janeiro de 2015
Poema Cafajeste e Olhos Verdes(Gonçalves Dias)
"Mar de Búzios vaza sob meus pés um rio das ostras enquanto minha mãos em conchas passeiam o mangue dos teus seios e provocam o fluxo do teu sangue os caranguejos olham admirados a volúpia dos teus cios quando me entregas o que traz por entre as praias e permites desatar todos os nós do teu umbigo transbordando mar de búzios - oceanos atlântico pulsar entre dois corpos que se descobrem peixes e mergulham profundezas qualquer que seja a hora em que se beijam num pontal em comunhão total com a natureza Artur Gomes" "Meu lado oculto Vivo num mundo só meu, crio coisas com a imaginação, conto os dias passarem, sinto com o meu coração. O meu céu é azul escuro, ele não tem estrelas, meu olhar é obscuro, sou dúvida, não sou certeza. A sombra é minha companheira, não faço justiça, faço é vingança, sou aquele solitário por tras da clareira, que tem uma simples alma de criança. De resto, somente a esperança. Gilberto Nunes 25/01/2006"
"Um poeta na essência do ser e não ser... Uma contradição nata. Um oxímoro no cerne. Belo que se faz feio, feio que se diz belo O nada que preenche o tudo, o tudo que não se vê Quem pode acusar um inocente ou libertar um culpado? Só a voz do silêncio, só o barulho da mudez! Quem é tão pobre em sua riqueza e tão rico em sua miséria? Só ele, só o mestre da simplicidade complexa do ser sem ser... Gilberto, Gibão, Giba que é sem nunca ter sido e não foi mesmo sendo. Ney Santos"
Olhos verdes /Gonçalves Dias
São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança,
Uns olhos por que morri;
Que ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte,
Diz uma — vida, outra — morte;
Uma — loucura, outra — amor.
Mas ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração
Mas ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
depois que os vi!
São uns olhos verdes, verdes,
Que podem também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do prado,
Mas verdes da cor do mar.
Mas ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como se lê num espelho,
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Dizei vós, ó meus amigos,
Se vos perguntam por mim,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos cor de esperança,
De uns olhos verdes que vi!
Que ai de mim!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Dizei vós: Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
uns olhos da cor do mar:
Eram verdes sem esp’rança,
Davam amor sem amar!
Dizei-o vós, meus amigos,
Que ai de mim!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!
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PEDAÇOS DE MIM
Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos
Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão
Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci
Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante
Já
Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas
Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar
Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei
Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo
GMSC
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