segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Tropeçando na sandália

Cada vez que tropeço com a sandália, lembro-me do meu passado, fazia tempo que não há usava e nem queria mais, estava guardada num canto da casa para ser usada a qualquer hora.
E o mais interessante é que me lembro também das poesias, das que fazem sentido e dizem alguma coisa para nós no coração. Cada tropeço desta sandália é uma possibilidade de bater com a cara no chão, eu a uso porque me lembro do meu passado: do meu fusca zero, do meu apartamento com banheira de hidromassagem, do meu escritório com porta de madeira, da suíte criada para os jogos do clube.
Lembro de tudo isso como lembro da churrasqueira, e eu ainda acho que as coisas que aconteceram naquele instante tinham a ver com a continuidade que aconteceria depois, de virar escritor e poder falar sobre tudo que aconteceu em vários momentos da nossa vida.
E o mais importante conheci as pessoas como elas realmente são, as suas facetas mais escuras, mais oportunistas e vingativas, de tu não te reconhecer em ti mesmo, pelas coisas que as pessoas tem capacidade de fazer em pró do nada, da falsidade e da falta de razão, de ser perderem no piro dos labirintos de si mesmos, de não conseguirem entender o seu próprio juízo.
Mesmo assim tenho saudade da rua onde caminhava, da praça onde fumava um tabaco e divagava sobre a vida e a projeção de uma vida profissional voltada para outros momentos.
Nunca procurei respostas, eu sempre via naquela avenida um olhar para o norte, para frente e para o futuro, e desde então, aquela feira me mostrou vários acontecimentos que estavam ocorrendo, a minha petulância e a minha forma de me colocar, que talvez causasse medo e angústia do que poderia acontecer, não era possível continua mais daquele jeito. Eu tendo razão em tudo, acuado no meu lugar do apartamento, sem que os vizinhos sequer soubesse da minha angústia.
Tenho que procurar nessas coisas do passado e da lembrança da padaria ou das caminhadas que me cercavam o que Deus esperava que eu fizesse e mostrasse a todos, a minha capacidade de absorção e de superação com a missão que me foi dedicada. Sinto saudade do meu olhar pela janela.

Sexto Pecado

Giovanna Carla Silva Oliveira
Tão simpático que irrita!
Dá bom dia, empolgado.
Veste-se com roupa bonita
E trabalha bem-humorado.
Atende com educação,
E nada sua rotina estraga.
Ajuda com satisfação…
Que ódio daquela praga!
E eu, com olhar opaco,
E com a paciência por um triz,
Fico pensando: Que saco!
Dá pra ser menos feliz?

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