sábado, 26 de dezembro de 2015

Saiba mais sobre síndrome do pânico - Reportagem do Diário de Santa Maria - Muito boa

Eu sempre achei que tinha a tal Síndrome, por que em alguns casos, prevendo a situação difícil, o coração disparava do nada, mas é que a situação era de risco, a tal da taquicardia era um aviso. Mas acabei de jogar a ideia fora, porque eu descobri numa dessas que era hiper-tenso. E tinha outra coisa, uma vez subi num poste para colocar uma propaganda e quando olhei para baixo me veio aquela sensação e a taquicardia retornou e eu me apavorei, um pavor inconfundível, descobri ainda que tinha medo de altura.

Segue abaixo a reportagem na íntegra que vale a pena ler.

 O texto é de Patric. Chagas:   Patric.chagas@diariosm.com.br

Lucas Lucco está no auge da fama. Um dos principais nomes do sertanejo universitário da atualidade, o jovem de 24 anos também integra o elenco da novela adolescente Malhação, da Globo. Nos últimos dias, no entanto, o cantor e ator mineiro ganhou os holofotes por outro motivo. Após faltar à gravação do DVD do festival Loop 360º, em Curitiba, no último dia 13, ele usou seu perfil no Instagram para fazer um desabafo, admitindo o uso de medicamento para crises de pânico.
A síndrome do pânico é uma patologia caracterizada por um transtorno de ansiedade, pois causa sofrimento excessivo e pode resultar em prejuízo para o desempenho da pessoa. Uma das principais características do pânico é a forma absolutamente abrupta e inesperada que as crises de medo e desespero aparecem. Bastam cerca de 30 segundos para que uma pessoa que estava se sentindo bem, seja inexplicavelmente tomada por pensamentos catastróficos, como medo de enlouquecer, morte iminente ou perda de controle. Os episódios podem vir acompanhados ainda de sintomas como boca seca, tremores, taquicardia, falta de ar, mal-estar ou aperto no peito, sufocamento e tonturas.
Conforme a psiquiatra Martha Helena Oliveira Noal, uma das responsáveis pelo Projeto Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio e integrante do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), diante da ideia de vulnerabilidade e a conotação de gravidade que a crise proporciona, uma das reações comportamentais do pânico é fazer com que a pessoa saia à procura de ajuda correlata ao tamanho do suposto risco que corre.
A especialista, que também integra a Associação de Familiares, Amigos e Bipolares explica ainda que a síndrome do pânico é uma doença bastante comum dentro da psiquiatria, mas pouco conhecida por clínicos. Com isso, muitas vezes, a pessoa busca um pronto-socorro achando que está sofrendo de algum problema orgânico como um infarto, por exemplo, o que pode confundir o diagnóstico.
— Ela chega em um pronto socorro ou fala com um amigo e as pessoas não dão aquela importância. Então, além de um sofrimento muito intenso que a pessoa está vivendo, ainda há uma repercussão social que não corresponde a essa intensidade — comenta Martha.
Martha explica que o diagnóstico de síndrome do pânico se faz a partir do reconhecimento de crises sucessivas. Mas como todos os sintomas apontam para uma causa orgânica, é comum a pessoa se confundir e buscar esclarecimentos e diagnósticos para problemas cardíacos ou respiratórios, por exemplo.
— Em geral, as pessoas percebem quando leem um artigo, um texto ou ouvem falar de alguém e percebem: "ah, mas eu também tenho isso" — comenta Martha.
Também por isso, a especialista ressalta a importância de atitudes semelhantes à adotada por Lucas Lucco, que, ao expor publicamente o seu problema, contribuiu para que se discuta a questão e, consequentemente, ajude a quebrar o estigma que circunda o tema.
— Ele está fazendo um papel importante dizendo: "ó, eu sou o cara que vocês gostam, gravo discos e faço novelas, mas, ao mesmo tempo, sou uma pessoa que tem contingências dos humanos, tenho uma doença. E ninguém é menor do que ninguém por isso. Isso pode incentivar outras pessoas a ter coragem, seja de revelar o que têm, seja de não se sentirem estigmatizadas e buscarem ajuda — avalia Martha.
De acordo com especialistas, o transtorno de pânico se manifesta especialmente em jovens e acomete mais as mulheres do que os homens. Martha ressalta também a incidência muito grande da correlação da doença com outros transtornos psiquiátricos, chamado pela Medicina de comorbidade. Estudos indicam que, a longo prazo, 60% dos pacientes com pânico apresentam depressão e 12% tentam suicídio.
— O pânico traz medo, pavor, angústias, sensação de desmoralização e tudo isso pode desencadear uma depressão — explica Martha.
A psiquiatra afirma que, em geral, não há fatores que possam agravar a síndrome do pânico. Mas com o passar do tempo, as crises podem passar a se repetir de maneira aleatória. Isso faz com que a pessoa fique preocupada com o fato de que os sintomas possam aparecer em uma situação em que ela não encontre ajuda e nem saída, como elevadores, aviões, congestionamentos, entre outros.
Se o paciente começa a evitar esses lugares, pode ser sinal de que está desenvolvendo uma segunda doença chamada agorafobia. Trata-se de um quadro fóbico associado ao pânico, caracterizado pelo medo de não poder fugir de situações em que uma crise possa representar perigo, embaraço ou sensação de prisão.
Martha explica que há um gatilho que, depois de disparado, pode se repetir com mais facilidade.
— Essa pessoa disparou o gatilho de um estímulo fóbico, que fará com que, a cada vez que ela passar novamente por aquela situação, lembrará do desespero que viveu naquele momento. Fica uma marca psicológica: "se eu passar naquela esquina, vou ter uma crise de pânico". Mas não há qualquer relação — explica.
Assim como qualquer outro tipo de doença, a síndrome do pânico afeta cada pessoa em uma escala diferente. Mas a doença costuma ter um curso bastante característico. Geralmente, depois da primeira crise, ocorrem outras, que vêm e passam. E isso pode trazer uma série de consequências. Quem padece do problema sofre durante um episódio de pânico e ainda mais nos intervalos entre um e outro, pois não faz a mínima ideia de quando ocorrerá novamente. Com o passar do tempo, isso traz insegurança e pode comprometer seriamente a qualidade de vida da pessoa. É importante registrar também que a maioria das pessoas rapidamente desenvolve algum grau de limitação.
Martha explica que as crises duram poucos minutos, mas são minutos inesquecíveis. A psiquiatra conta que já ouviu relatos de pessoas comparando um episódio a um atropelamento por trator.
— São minutos aterrorizantes, que, para quem está de fora, pode não soar como algo sério. O que fica depois é aquela ressaca física e moral, pois a pessoa fica demolida. Dependendo da pessoa, se ela se entregar, se assustar demais, não conversar com ninguém, não buscar uma ajuda, se desesperar frente a essa situação, pode ser extremamente incapacitante. Ela pode se fechar a ponto de deixar de desenvolver determinadas atividades — alerta Martha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, se você tiver coragem...