Risco de vida, risco de morte - Falso embate entre defensores de uma ou de
outra expressão, mera perda de tempo.
A expressão mais comum na literatura sempre foi
“risco de vida”, em vez de “risco de morte”. O que houve, nos últimos anos, foi
um modismo na mídia, orientada por manuais de redação, especialmente de jornais
de grande circulação (possuem manual interno de redação e consultoria para
orientação, com vistas a uniformizar a linguagem). Esses manuais indicam usar
“risco de morte” como expressão mais adequada, entendendo, segundo essa
orientação, que o risco é de morte, não podendo ser “de vida”. Respeito a
orientação – que assumiu força de regra e uma uniformidade na mídia. No
entanto, não se pode dizer que '”risco de vida” é expressão errada, sem
sentido. É linguagem consagrada, na qual há a elipse do verbo perder: risco de
perder a vida.
Risco de vida, risco de morte são expressões
equivalentes, ambas corretas. É o mesmo que dizer: perigo de vida; perigo de
morte. Em ambas, a intenção é a mesma, portanto admissíveis, com sentido,
adequadas, corretas.
A meu juízo, houve uma interpretação equivocada de alguns
estudiosos, especialmente os que orientam a mídia e elaboram manuais de redação
para a imprensa. A expressão usual era “risco de vida”. Quando também se passou
a usar “risco de morte”, professores de Língua Portuguesa manifestaram-se,
afirmando que a forma também é possível, admissível, correta e adequada, pois equivale
a risco de morrer. A afirmação de que '”risco de morte” é forma correta, no
entanto, não significa declarar que “risco de vida” é incorreta. Para muitos,
porém, admitir que “risco de morte” tem sentido e é correto foi entendido como
afirmação de que “risco de vida” é equivocado, inadequado, incorreto.
Um equívoco. Ambas podem conviver. O leitor ou
ouvinte entenderá a mesma coisa – a vítima está em perigo de perder a vida ou
em perigo de morrer – tanto em '”risco de vida” e “risco de morte”. Não passa
de um modismo.
Comigo é oito ou oitenta - “Comigo ou é oito ou oitenta”. Frase comum do meio popular, de uma
linguagem informal. Denota sempre a atitude de indivíduo para o qual não há
meio termo. Raciocínio que admite apenas duas possibilidades, totalmente
opostas, antagônicas, extremadas, de polos contrários. Não há via alternativa,
intermediária, de equilíbrio, de conciliação, de bom senso.
O dicionário Aurélio e o Houaiss têm registro
idêntico: “ou oito ou oitenta”, ou tudo ou nada. A conjunção ou é excludente.
Tudo e nada são antônimos. Estão em pontas contrárias. Não convivem, não podem
estar juntos.
Representa, também, o comportamento de pessoa
desequilibrada. Ora afável, ora irritada, vai facilmente de um extremo a outro
com a maior rapidez e imprevisibilidade. Por esse temperamento, apresenta
dificuldade de relacionamento com os demais.
Como teria surgido a expressão? Em que circunstância
foi empregada pela primeira vez? Eis um desafio que se apresenta para a
satisfação da curiosidade de muitas pessoas. E continuarão sem matar a
curiosidade. Cumpre ressaltar que a origem de gírias, de frases feitas, de
expressões idiomáticas e de ditados populares não pode ser determinada, pois
não existe um registro formal, como se fosse uma certidão de nascimento, a
comprovar o primeiro uso. Em muitos casos, inclusive, há várias versões sobre a
mesma expressão. Como diz a palavra, versões são versões, coisas que o povo diz
e que não podem ser comprovadas. Em vez de falar propriamente do nascimento de
uma expressão, a gente acaba falando a respeito dela, sobre costumes, hábitos,
crenças, enfim sobre a história dos falantes. Nesse contexto, não faz sentido a
polêmica e o embate de autores proclamando como legítima esta ou aquela versão.
Já li várias versões, por exemplo, sobre a origem de "fazer nas
coxas": para uns o ato de fazer telhas de barro direto nas coxas dos
escravos - e daí saírem de tamanhos diversos, proporcionais às coxas - e, para
outros, uma prática tão antiga de fazer sexo às pressas, por debaixo da mesa,
às escondidas, sorrateiramente, muitas vezes diretamente nas coxas, dada a
pressa. Polêmica à parte, o certo é que se trata de algo feito mal e
apressadamente, independente de como se deu o nascimento da frase tão comum no
meio popular.
Há quem afirme que a expressão “ou oito ou oitenta”
teria surgido na década de 1970, em decorrência de um programa da extinta TV
Excelsior, no qual os participantes concorriam a prêmios respondendo a
perguntas sobre determinado tema. Se acertassem parcialmente, recebiam oito
pontos; se a resposta fosse exata, recebiam 80 pontos. O apresentador dizia: “é
oito ou oitenta?”. O ganhador era o que somava maior número de pontos. Há quem
a explique buscando inspiração no estudo dos números. O oito representaria as
coisas efêmeras da vida, ao passo que oitenta indicaria o transcendental.
Aspectos, portanto, opostos, distantes, contraditórios.
Fale e escreva corretamente – Vestuário e vestiário
Vestiário
– Compartimento onde se guardam roupas ou local em que se troca a
roupa comum pela de trabalho, de esporte. As novas camisas do time já estão no
vestiário.
Vestuário
– Conjunto de peças de roupa, traje, indumentária. Cada funcionário deve usar o
vestuário compatível com a sua função.
Ditado popular
Mutuca é que tira o boi do mato
A mutuca é um inseto, uma mosca de picada dolorida
que ataca humanos e também o gado. O ditado é usado para expressar que, em
muitos casos, a repetição frequente de pequenas ações ou sistemáticas
provocações acaba causando irritações incontidas. Em outras palavras, nem
sempre um gesto brusco causa o efeito desejado, o que acaba ocorrendo, no
entanto, com a sequência de pequenos gestos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente, se você tiver coragem...