segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Risco de vida, risco de morte, comigo é oito ou oitenta, vestiário, vestuário - Pelo Prof Ari Riboldi

 

Risco de vida, risco de morte - Falso embate entre defensores de uma ou de outra expressão, mera perda de tempo.

   A expressão mais comum na literatura sempre foi “risco de vida”, em vez de “risco de morte”. O que houve, nos últimos anos, foi um modismo na mídia, orientada por manuais de redação, especialmente de jornais de grande circulação (possuem manual interno de redação e consultoria para orientação, com vistas a uniformizar a linguagem). Esses manuais indicam usar “risco de morte” como expressão mais adequada, entendendo, segundo essa orientação, que o risco é de morte, não podendo ser “de vida”. Respeito a orientação – que assumiu força de regra e uma uniformidade na mídia. No entanto, não se pode dizer que '”risco de vida” é expressão  errada, sem sentido. É linguagem consagrada, na qual há a elipse do verbo perder: risco de perder a vida.

   Risco de vida, risco de morte são expressões equivalentes, ambas corretas. É o mesmo que dizer: perigo de vida; perigo de morte. Em ambas, a intenção é a mesma, portanto admissíveis, com sentido, adequadas, corretas.

  A meu juízo, houve uma interpretação equivocada de alguns estudiosos, especialmente os que orientam a mídia e elaboram manuais de redação para a imprensa. A expressão usual era “risco de vida”. Quando também se passou a usar “risco de morte”, professores de Língua Portuguesa manifestaram-se, afirmando que a forma também é possível, admissível, correta e adequada, pois equivale a risco de morrer. A afirmação de que '”risco de morte” é forma correta, no entanto, não significa declarar que “risco de vida” é incorreta. Para muitos, porém, admitir que “risco de morte” tem sentido e é correto foi entendido como afirmação de que “risco de vida” é equivocado, inadequado, incorreto.

   Um equívoco. Ambas podem conviver. O leitor ou ouvinte entenderá a mesma coisa – a vítima está em perigo de perder a vida ou em perigo de morrer – tanto em '”risco de vida” e “risco de morte”. Não passa de um modismo.

 

Comigo é oito ou oitenta - “Comigo ou é oito ou oitenta”. Frase comum do meio popular, de uma linguagem informal. Denota sempre a atitude de indivíduo para o qual não há meio termo. Raciocínio que admite apenas duas possibilidades, totalmente opostas, antagônicas, extremadas, de polos contrários. Não há via alternativa, intermediária, de equilíbrio, de conciliação, de bom senso.

   O dicionário Aurélio e o Houaiss têm registro idêntico: “ou oito ou oitenta”, ou tudo ou nada. A conjunção ou é excludente. Tudo e nada são antônimos. Estão em pontas contrárias. Não convivem, não podem estar juntos.

   Representa, também, o comportamento de pessoa desequilibrada. Ora afável, ora irritada, vai facilmente de um extremo a outro com a maior rapidez e imprevisibilidade. Por esse temperamento, apresenta dificuldade de relacionamento com os demais.

   Como teria surgido a expressão? Em que circunstância foi empregada pela primeira vez? Eis um desafio que se apresenta para a satisfação da curiosidade de muitas pessoas. E continuarão sem matar a curiosidade. Cumpre ressaltar que a origem de gírias, de frases feitas, de expressões idiomáticas e de ditados populares não pode ser determinada, pois não existe um registro formal, como se fosse uma certidão de nascimento, a comprovar o primeiro uso. Em muitos casos, inclusive, há várias versões sobre a mesma expressão. Como diz a palavra, versões são versões, coisas que o povo diz e que não podem ser comprovadas. Em vez de falar propriamente do nascimento de uma expressão, a gente acaba falando a respeito dela, sobre costumes, hábitos, crenças, enfim sobre a história dos falantes. Nesse contexto, não faz sentido a polêmica e o embate de autores proclamando como legítima esta ou aquela versão. Já li várias versões, por exemplo, sobre a origem de "fazer nas coxas": para uns o ato de fazer telhas de barro direto nas coxas dos escravos - e daí saírem de tamanhos diversos, proporcionais às coxas - e, para outros, uma prática tão antiga de fazer sexo às pressas, por debaixo da mesa, às escondidas, sorrateiramente, muitas vezes diretamente nas coxas, dada a pressa. Polêmica à parte, o certo é que se trata de algo feito mal e apressadamente, independente de como se deu o nascimento da frase tão comum no meio popular.

   Há quem afirme que a expressão “ou oito ou oitenta” teria surgido na década de 1970, em decorrência de um programa da extinta TV Excelsior, no qual os participantes concorriam a prêmios respondendo a perguntas sobre determinado tema. Se acertassem parcialmente, recebiam oito pontos; se a resposta fosse exata, recebiam 80 pontos. O apresentador dizia: “é oito ou oitenta?”. O ganhador era o que somava maior número de pontos. Há quem a explique buscando inspiração no estudo dos números. O oito representaria as coisas efêmeras da vida, ao passo que oitenta indicaria o transcendental. Aspectos, portanto, opostos, distantes, contraditórios.

 

Fale e escreva corretamente – Vestuário e vestiário

   Vestiário – Compartimento onde se guardam roupas ou local em que se troca a roupa comum pela de trabalho, de esporte. As novas camisas do time já estão no vestiário.

   Vestuário – Conjunto de peças de roupa, traje, indumentária. Cada funcionário deve usar o vestuário compatível com a sua função.

 

Ditado popular

Mutuca é que tira o boi do mato

   A mutuca é um inseto, uma mosca de picada dolorida que ataca humanos e também o gado. O ditado é usado para expressar que, em muitos casos, a repetição frequente de pequenas ações ou sistemáticas provocações acaba causando irritações incontidas. Em outras palavras, nem sempre um gesto brusco causa o efeito desejado, o que acaba ocorrendo, no entanto, com a sequência de pequenos gestos.

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