quinta-feira, 11 de junho de 2015

Sobre a questão do orçamento

Foi numa reunião de gerentes de trabalho, melhor, num curso de Gerenciamento em Relações de Trabalho, me lembro que o celular tocou e a secretária do Supervisor perguntou o que eu estava fazendo lá. Eu disse que o chefe me obrigou a fazer aquele curso e coisaital quando ela me disse que precisava do relatório do orçamento na mesa do supervisor às 14h. Já vi que eu não teria almoço aquele dia, mas na vida pública tudo se resolve pela Lei das coisas, fui direto para o trabalho resolver a pendenga. Eu fiz um curso voltado para a Administração e entendia muito de economia e sabia do que eles estavam falando quando eu lia os livros, mas isso também não quer dizer muita coisa, tive um amigo uma vez que passou no concurso para Economista, mas na hora de fazer o relatório que a Prefeitura, ou o setor que solicita a estatística e ele não sabia nada de nada, não tinha noção do que estava acontecendo e nem como era. Então o estudo não quer dizer nada se não houver uma vinculação com a vida profissional na realidade. Acabei por entender que para fazer um orçamento, primeiro tem que entender como funciona o sistema, os setores e o quanto cada setor pode gastar e o que será adquirido, até chegar a entender como funciona um Registro de Preços, um pregão ou até mesmo um leilão, tratando da coisa pública. Na verdade, quando se escolhe o critério político e não o profissional e qual a dimensão se quer atuar, conseguimos entender perfeitamente porque o estado chegou nessa situação que está hoje, com a privatização de vários serviços e a venda de bens públicos para investimentos, quando o que teria que ser feito era pagamento da dívida e encurtamento do endividamento, mesmo que essa dívida fosse impagável, ela continua sendo paga durante anos e os governos continuando a gastar aquilo que não tem. A conta parece fácil, comprar somente o necessário e apenas o justificável e cortar investimentos que não sejam extremamente necessários. Há muitos anos atrás uma colega me passou um e-mail de um perfil de secretário que querida uma cadeira nova, uma bagatela de R$4.000,00 e me lembre naquela época do meu orçamento que eu pedi um tapete para sala do supervisor, para substituir aquilo que não existia, o chão. Naquela época mesmo eu comprei uma cadeira para mim tipo diretor, não de presidente, de diretor mesmo, nos móveis Santa Cecília, paguei R$139,00 e que me serviu durante anos. Hoje novamente me dou de frente com um novo pedido de cadeira, e presidente, agora quase dez anos depois, no valor de R$3.000,00 para um órgão público, através de compra em licitação. É perfeitamente entendível porque não temos recursos e a saúde dos cofres públicos comprometidos e os governos tentando passar a iniciativa privada, através de concessões (e não de privatizações)várias estradas e aeroportos, e acaba isso passando agora por qualquer partido, porque para administrar um valor tão grande, depende de inúmeras pessoas que não tem a menos noção do que dizer e o que fazem em relação ao orçamento, isso é coisa técnica e de especialista e de quem estudou para poder gastar aquilo que não é seu, ou seja, estamos num buraco que não tem fim se não mudarmos essa política de favorecimentos e pessoas que não são comprometidas com a coisa pública como deviam, elas tiveram um outro tipo de educação e não sabem da real necessidade em realizar investimentos e completar obras que são extremamente necessárias. O povo que não entende não sabe de fato o que acontece na Administração Pública, sem falar dessas questões que fogem o controle: da má administração dos recursos, da corrupção, do desvio de verbas, tudo que atinge direto a população que não sabe como funciona o sistema, acredita que tudo é feito corretamente, mas a verdade é que nem tudo é 100% confiável, por mais que se criem alternativas de controles e mecanismos de segurança, auditorias e tribunais de contas, de pentes-finos, até a roubalheira também é bem feita, demora para se descobrir. Mas me lembro um caso que uma funcionária foi punida uma vez por colocar valores nos contra-cheques de funcionários, porque devia favores para essas pessoas, mesmo depois de passar por um inquérito, acabou por voltar a exercer suas atividades no cargo de origem, depois de alguns anos, ela acaba voltando a exercer a mesma atividade que acabou por fazê-la passar por toda essa situação, em pleno desvio de função, novamente. Então, essas questões de anormalidades, estão presentes quase que diariamente no contexto da vida pública, e as pessoas precisam entender que aquele valor de que é responsável naquele momento e daquele trabalho que executa, não lhe pertence na verdade, precisa pensar que deve guardar e manter como se fosse seu, da sua vida diária, e não como se fossem coisas desconhecidas sem nenhum valor, porque não lhe afetam diretamente se acontecer qualquer problema e que deverão responder pelo dano que fizer ao patrimônio público. Esse treinamento deveria ter em toda esfera pública antes de qualquer pessoa freqüentar esse tipo de trabalho, inclusive as pessoas deveriam prestar juramento de honra que envolvesse inclusive a família, moralidade e ética quanto trabalho na carreira pública.

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