quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Sperotto: "A gente tem de saber ser mandão"


 
Presidente da Farsul se prepara para o sétimo mandato seguido

- Carlos Rivaci Sperotto, 77 anos, admite receber ordens, não dar: o familiar, diante de filhos e netos:

– Em casa, o Sperotto avô e pai é peão.

O senhor acaba de se eleger para o sétimo mandato à frente da Farsul, vai completar 21 anos no comando. Foi a última eleição?
Vinte um anos e nove meses. Me pergunta de novo daqui a três anos. Estou satisfeito com o período que a mim foi destinado, com o apoio que tive, tenho tido e terei, com certeza. Há uma gama de temas e momentos vividos e que serviram para fortalecer a união entre produtores. Agora, não sei o que virá daqui para frente. Se hoje fôssemos encerrar uma gestão, estaria muito tranquilo, está tudo equacionado. Nos preocupa quando surge um panorama econômico diferente, como de janeiro para cá. Até janeiro, o Brasil ia muito bem, obrigado. De repente, virou uma página e se descortinou um quadro de preocupação. Não quero dizer que a gente tem a chave para resolver essas questões, mas digo que temos experiência muito grande. E hoje, na modalidade que estamos a trabalhar, de uma política de resultados, o diálogo, o entendimento e a lealdade aos dados e temas apresentados têm dado um resultado muito bom. Sabemos o que falar, com quem falar e propor. Reacende a necessidade de um novo mandato a título de cautela. Não fui eu quem ganhou a eleição, foi a diretoria, que esteve a campo e buscou para fazer a diferença de 104 votos contra 29 (enfrentou João Batista da Silveira, ex-presidente do Sindicato Rural de Passo Fundo, na chapa de oposição).

A gente tem de saber ser mandão. Ser mandão sem agredir, sem ferir, oportunizando a busca da solução. E, logicamente, quando coloco essas posições em jogo, vêm lastreadas em uma opinião de grupo, que a gente capta na administração. Não se pode também ser muito flexível.

Acho que conseguimos construir uma teia de resultados positivos, em que uma palavra traz o conforto para tudo isso: somos respeitados. Não pelo poder de fazer as coisas, mas pelo poder de dizer o que temos de dizer nos momentos certos. E somos respeitados em toda a seara, até pelos que não concordam conosco. E isso não é uma provocação. É uma análise. Lógico que no início eu tinha de ser mais enfático, tínhamos de chamar nosso público, nosso grupo de apoio. Grupo de apoio tem de ter voz de comando. Ninguém consegue montar um núcleo de apoio dizendo "faz favor, vem para cá”. Tem de dizer: "Olha aqui, vamos acabar com isso aqui e vem para cá”. Aí se fazem as coisas como têm de ser feitas. Só que nós estamos trabalhando o resultado da construção da imagem de alguém, que, no caso, é a minha. Sou o mesmo Sperotto que existia, logicamente com uma experiência bárbara.

Nesses 20 anos, qual foi sua maior mudança?
Acho que quem sentiu a maior diferença foi a minha mulher, e não é ela que está sendo entrevistada (Sperotto é casado há 53 anos com Mariana, com quem tem quatro filhos e três netos). Acho que tenho comportamento similar ao que sempre tive. Franco, aberto, não guardo as coisas, não levo problemas para casa, o que acho que me ajuda bastante no âmbito familiar. Não há dúvida que, à medida que consolidamos e vencemos etapas, vamos tendo um retorno. A Farsul tinha um histórico de seus presidentes concorrerem a deputado federal. Isso criou um quadro em que os candidatos que emanavam da Farsul tinham resultado diverso. Os políticos enxergavam a entidade como um trampolim. Quando vim concorrer no primeiro ano, a primeira coisa que disse é que não disputaria cargo político enquanto estivesse na Farsul. Convites não faltaram.

E por que tem essa restrição?
Hoje, acho que seria uma situação que nem caberia. Estou com 77 anos, me considero jovem, mas, para se arvorar em alguma coisa, teria de aguardar não só o período de gestão e a carência eleitoral. Então, com 80 e poucos anos, não vou concorrer, fiquem tranquilos.

Em 2009, em entrevista, o senhor se definiu como de centro-direita. Mantém a posição?
Mantenho. Nunca fui multado e mantenho a posição. Embora muitos utilizem-se do expediente de trazer a esquerda junto, para dizer "sou diferente". Mas não quero nem entrar na crítica, nem no comentário. E não me sinto diminuído.

 

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