terça-feira, 17 de novembro de 2015

As causas e o impacto ambiental da tragédia de Mariana

Trabalhei em fiscalização de contrato com empresas públicas, na área de permissionários. A fiscalização exigia uma série de atividades burocráticas, preenchimento de relatórios, visitas exporádicas, junto com a segurança do trabalho, que impunham respeito, era jogo duro e a empresa se orgulhava em não ter acidentes de trabalho. Além dessa atribuição, foram-se agregando outras e outras, quando me vi estava respondendo inclusive as demandas da gerência, ou seja, a fiscalização acabou tendo que ficar de lado, pois não dava para atender tudo ao mesmo tempo, eram muitas atividades devido ao sítio realmente ser muito grande.
Uma vez, o arquiteto precisava precisa que constasse numa portaria o nome de um terceiro fiscal de contrato de gás e deu meu nome, até o dia que apareceu uma nota na minha frente para ser assinada pelo fiscal do contrato, que estava viajando, e o segundo fiscal estava de licença médica, e o terceiro fiscal era eu, que recusei assinar sem que alguém me certificasse que aqueles números que foram colocados ali, haviam sido presenciado por funcionário da empresa, foi uma briga feia, acabei assinando "no escuro" aquela nota e disse que era a última, pois sem a responsabilidade de ninguém eu não ia pagar mais, e foi o que aconteceu no próximo mês. Eu sei que com tudo isso eu acabei indo nas instalações para ver como funcionava o tal da gás da praça de alimentação, eu, Administrador de Cargo, metido numa área técnica que não tinha nada a ver comigo.
Por fim, chegando nas instalações presenciei o inacreditável, o lugar onde ficava o tubo que alimentava a praça de alimentação com rachaduras enormes, o próprio tubo com problemas em relação à preservação e as instalações inadequadas, ao meu ver. Cheguei diretamente na estação e encaminhei a comunicação do local e da situação em que se encontrava o mesmo, tentando tirar o meu da reta o mais depressa possível.
Penso que com base no descrito, não é difícil imagina o que tenha acontecido com Mariana.
Não entendo porque não houve intervenção da Polícia Federal e porque os diretores e responsáveis pela empresa não foram presos, até que se investigasse realmente o que aconteceu, todos os bens e contas da empresa, colocados a disposição das famílias para que fossem amparadas imediatamente, e qual órgão do governo deveria ser responsabilizado por não ter fiscalizado as ações da empresa, que deixou acontecer a tragédia e a próxima que ainda está por vir. Do deslocamento de todos os técnicos do governo com conhecimento dessas áreas para tentar resolver o problema o mais rápido possível e não deixar que uma terceira barragem torne a situação pior do que já está.
Quantas outras estão nessa situação no país e quantas outras fiscalizações deixam de ser feitas porque não existe controle em cima das empresas e dos próprios órgãos controladores. 
A concessão, a permissão e a terceirização está toda definida em contrato até a hora que se deixam de cumprir as regras do contrato, quem é que o governo vai botar a culpa, já que ele mesmo não cumpre a sua própria regra.   

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