quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O anel

Bem que eu queria ele de volta, além da poltrona, mas esse não daria para pedir como doação, eu queria porque não pertencia mais àquele dedo. Acho que quando se perdem as chances de arrumar alguma coisa, assim como um anel dado por ele, tem que ser devolvido, é como um anel de noivado, nunca mais vai caber no dedo de outra pessoa, mas aquela confiança dada, tem que ser retirada depois da certeza que todos acabam por ter.
Foi num tarde de sexta-feira, o guarda municipal precisava muito de dinheiro, e me ofereceu aquele anel de brilhante, dizendo que era de herança, eu acreditei, acho que era mesmo, e pedi para dar uma olhada assim como não queria nada e eu responderia a tarde.
Pedi para o Elzo ir no penhor da Caixa e verificar se era verdadeiro e se valia aquilo que era proposto, dando um valor insignificante, ela era todo de brilhantes, todo, e fazia um círculo em si mesmo, pois quando voltei da rua, ele estava me esperando para saber se eu ia comprar, não só comprei, como fiquei com o anel na hora e levei para minha mulher, que depois de uma limpeza, usou durante bastante tempo daquele jeito mesmo, era algo que não era desse planeta de tão lindo, mas ela acabou por entrar na realidade, e dividiu ele em dois sobrepondo as pedras uma sobre a outra, que acabou ficando lindo assim mesmo, e aquele ela não tira do dedo. Quando a conheci eu já via dado um anel de brilhante para ela, simples, o que meu salário permitia, sempre gostei de joias nos dedos das minhas mulheres, como seu eu tivesse muitas, mas ainda dei mais um anel para ela, um pouco mais sofisticado, mas nada comprável aquele anel de brilhantes, que eu pedi recibo quando fiz a venda. Não sei onde foi parar o guarda, que precisava muito daquele dinheiro e muito menos o recibo, só o anel que certamente ainda está no dedo dela.

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