quinta-feira, 24 de março de 2016

Casamento aberto dá certo?

"Durante 13 anos fui monogâmica, mas com muitas escapadas do marido. Agora, ele veio com a receita ideal: o casamento aberto. Até gosto de me sentir desejada por outros homens e consegui encontrar prazer, mas ao mesmo tempo morro de ciúmes dele com outras mulheres. Isso pode dar certo? Carinho, Maria."

Querida Maria
O problema do casamento aberto é que ele logo se torna escancarado. É uma invenção de quem já traía. É uma fachada de lavagem de dinheiro, é colorir a amizade e desbotar o amor, é uma forma intelectual de acumular mulheres, é agência para recrutar nova esposa. É dividir os méritos, mas nçao dividir as dívidas. É substituir a sinceridade pela bajulação, é o conforto para os indecisos e os mornos, é quando o ciúme é menor do que a realidade, é se sentir desejada por todos homens, menos por aquele que você deseja,é a receita ideal para uma vida de solteiro, é menosprezar a dependência dos hábitos, é concurso de sósias.
Casamento aberto é falsificar o pecado original, é apagar até a possibilidade de trair. é transar no divã, é admirar a sogra mais do que a esposa, é fazer discussão de relacionamento com amantes, pé perder o privilégio da vigília, de alguém acordado por você reclamando que é tarde demais, aberto é ter o sonho assaltado toda semana, é transformar o sexo oposto em sexo aposto: casamento, aberto.
Casamento aberto é trocar as portas pelas cercas, é trocar os cabelos pelos chifres, é trocar a confiança pelo medo, é para quem não tem coragem nem de se casar muito menos de se separar. Abraço com toda ternura, Fabrício Carpinejar.

Querida Maria,
Existem casais com casas separadas; com ou sem filhos; do mesmo sexo; com gatos e cachorros. Tantos casais além da imaginação. Qualquer tipo de união pode dar certo. Estima-se que em torno de um terço dos casamentos é firme e prolongado.
Simone de Beauvoir encarnou o papel de feminista forte e inteligente. Ficou famosa quando escreveu que o casamento era imoral - o horror de tomar uma decisão definitiva que envolvesse não só o eu de hoje, mas também o eu do futuro.
Vivia com Jean-Paul Sartre, um pensador que defendia a individualidade e a liberdade. Um homem que se relacionava "livremente", com muitas mulheres, talvez mais para comprovar sua tese do que por necessidade amorosa. Simone arranjava mulheres para Sartre e depois caía de cama, literalmente doente de ciúmes.
Foram mentes fundamentais para entender nosso século, mas que não parecem ter desenvolvido uma vida plena entre eles.
Os casamentos ditos abertos, com excessivas aventuras, costumam ser os mais pobres.
O prazer da variedade de parceiros pode encobrir a incapacidade afetiva. Na maioria das vezes, não passa de uma adolescência persistente.
O casamento é bom quando a dupla se entende e cada um se revela ao outro progressivamente.
De modo geral, o casamento aberto é um teatro onde as pessoas são os atores e o público.
Seu caso parece mais uma separação pela qual não quer pagar.É querer escolher sem ter perdas. Uma vida que não assumimos é uma vida pela metade.
Arrisco um palpite: você não sentiu ciúme de seu marido, mas gostou das novas conquistas e da possibilidade de ser desejada por outros homens.
Agora falta abrir a carteira e quitar as dívidas.
Beijos meus.
Cinthya Verri

Nelsonpoa: Esse texto de setembro de 2012 da coluna quase perfeito do caderno Donna de Zero Hora, era uma sensação na época, dúvidas amorosas, cartas respondidas pelo casal Fabrício e Cinthya que ainda dizia assim: "Nossos palpites amorosos não substituem consulta, terapia, exorcismo e qualquer tratamento técnico".
Na realidade, não sabemos o que acontece na vida íntima dos casais, mas percebo o quanto é importante a procura de ajuda, qualquer tipo de ajuda para que as pessoas tenham um consultório sentimental com o qual possam compartilhar suas angústias e decepções, de ter um norte, de procurar um rumo, de saber se estão no caminho correto ou estão perdidas nos seus próprios entendimentos quando a paixão e o amor estão cegos a ponto de se submeter a tipos extravagantes de imposições de se manter um relacionamento na base de chantagens absurdas e conceitos perdidos em pensamentos que eram vistas de forma conservadora e ultrapassada, fazendo do machista ou machismo, ter a oportunidade de se valer do seu oportunismo para ciar uma ficção a que a pessoas se sujeitam devido a dependência, acabando com isso causando nas pessoas uma série de distúrbios e definições mal sucedidas nos campos do relacionamentos e quando vemos encontramos as mesmas procurando respostas em consultórios, medicamentos em adulterações da sua própria vida, porque em algum momento permitiu que sua alma fosse larapiada, na falta de afirmação e vistas nos conceitos e valores corretos que permeia uma sociedade justa e leal.

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