quinta-feira, 9 de abril de 2015

Quando eu partir

Quando eu partir Assunto sinistro esse, até porque quero viver muito e incomodar muita gente, mas fiquei imaginando como seria a minha despedida dessa para melhor. Acho que a primeira questão seria a de poupar grana, se for para virar cinzas, quero virar um abacateiro, sempre gostei de abacateiros e de abacates, porque eles demoram demais para amadurecer, precisa de um carinho e se passar do ponto, não tem mais o que fazer. Então também posso ser emparedado com o pai e a mãe, me dava bem com eles e não tenho receios maiores quando da minha chegada naquele espaço, serei bem recebido. Os custos serão bem menores com certeza. O pai sempre quis morar perto do Olímpico e pediu uma lápide ali perto do estádio mesmo, para que pudesse escutar o clamor da torcida. Ele tinha razão, uma vez quando estudava para um concurso, o estádio estava lotado, e só escutava aquele uhhhhhhhhhhh...Então, agora com a arena, eu diria que o pai levou uma bolada nas costas, eu não me importaria, porque fui em tantos jogos no estádio, que nem sei se sentiria falta de ver o estádio todos os dias, esse tipo de coisa. Na Arena deixei de ir a apenas dois jogos, um grenal de 4 x 1 para o tricolor e um jogo decisivo contra o Cruzeiro, que o time perdeu, o coração estava meio descalibrado. Agora a cerimônia teria que ser uma coisa um pouco diferente, com todo respeito é claro. Poderia ser numa casa, a bandeira do tricolor em cima do monumento de madeira. Não gostaria de coroas, somente rosas. Fora isso, violino, violão e um bumbo, cantoria e se possível, uma apresentação de tango, nada demais, coisa simples. Uma valsa de despedida também seria bom, dançado pelos convidados. Salgadinhos e torta, aquela velha torta de rum, servida aos convidados para servir para uma lembrança do querido, de que ele gostava mesmo, e de relembrar que a que a mãe dele fazia era insuperável, ele sempre contava a história da torta de rum, porque a mãe dele insistia fazer para ele sempre no aniversário a torta de nozes, que ele não gostava, mas que era para os convidados. Sem falar da questão religiosa, um pai nosso e uma ave Maria de meia em meia hora, para tentar garantir a passagem para o lugar certo. Tenho minhas dúvidas, seria um desperdício usar a melhor roupa, já que essa à vezes nem aparece no perfil, nem as abotoaduras, pode achar um manequim familiar que sirva. Então, roupa comum mesmo, o chapéu ou o boné em cima da bandeira do clupe. Bandeira de partido, nem pensar e nem de movimentos. Ah, eu o mais importante, discursos, muito discursos, com tempo marcado de 45s para cada orador, para os irmãos 30s. Para os parentes 30s. Para os admiradores, 5 minutos. Quando na capela, a contratação de um padre liberal, plural e com reza em cantoria. Coisa simples e rápida. Se for de madrugada, fechem a mesma e retornem pela manhã, sempre gostei de ter momentos de solidão comigo mesmo.

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