segunda-feira, 6 de abril de 2015

Confissão de Solidão

Confissão de Solidão "Ser solitário e tanto se fartar De vazio e de silêncio Mesmo em meio à multidão e ao ruído Ser solitário e caminhar buscando com os olhos e o corpo espaços vazios Entre os aglomerados humanos Ser assim, tão solitário e ter ensejo de escrever Um poema a respeito: Canto calado seu pranto, cantando num canto. Ser tão completamente solitári A ponto de não fazer companhia a si mesmo Para só assim ser capaz de suportar a solidão." Gabriel Lelis da Fonseca Ferreira Esse texto que faz parte das poesias nos ônibus me fez lembrar de um período que aprendi a ser solitário comigo mesmo e me acompanhar nas andanças dos meus pensamentos, onde então ele decidiu abrir mão de viver uma vida até então com uma qualidade de vida doentia para entrar no ajuste dos ponteiros de corpo humano. Lembro das palavras escritas que diziam mais ou menos assim: “de que está na hora de tu viver a tua vida”, tipo assim como querendo dizer: “e nos deixar em paz”. A pior situação de que pessoas não preparadas e sem respeito com você, é deixar você refém dos outros dentro da sua própria casa. Nessa questão da solidão, tu torce primeiro, para que ninguém se aproxime, depois começa a tomar gosto por não ter que dividir mais nada com ninguém, e começa a torcer para que as pessoas não fiquem mais ali, para não ter que se esconder, ou ter que sair para não ter que encontrá-los, isso começa acabando parecer mais natural, as pessoas que acabam vendo nisso uma doença, de que a pessoa está precisando de ajuda. Não é! A pessoa entendeu que a partir daquele momento, pessoas que ele achava que existia uma infinidade imensa, não passavam de desconhecidos, naquele momento, esqueceram do que ele representava e do que conviveu e abdicou da sua própria vida para estar com eles, de que todo aquele período não tinha mais volta, e que ninguém iria conseguir pagar por aquilo, uma situação doentia isso sim. Ele acreditou que de fato todo aquele acontecimento, não representava mais nada na sua vida, optou por viver sozinho dentro da sua realidade, esqueceu quem era e o que representava e se ausentou do ambiente, não quis mais participar daquela farsa familiar que era naquele momento, uma total falta de acordo e entendimento entre as pessoas que ali viviam. Não queria mais participar de nada, apenas queria continuar convivendo no espaço ocupado durante tanto tempo, se isolou, se distanciou, se afastou, por fim preferiu a solidão do que conviver com eles. Isso não quer dizem que não tinha mais uma vida em comum, também tinha o trabalho, amigos raros para aquele momento, que parecia mais um jogo de xadrez, exigia paciência, todos queriam que aquilo se resolvesse o mais rápido possível, mas essa decisão, rápida, acabou por destruir qualquer possibilidade que um dia tivesse de poder voltar a se encontrar novamente e se relacionar com algum respeito e consideração. Um dia também chegou no emprego e viu um armário no meio da sala, e aquele armário continuou lá por trinta dias e, quando se deu conta, era tarde demais, havia uma preocupação fora do ambiente profissional, o que desviou a atenção, não foi difícil prever o que aconteceria, toda equipe foi demitida, permaneceu o seu setor, que também, foi sendo partilhado aos poucos e hoje somente ele sobrou de todo àquele pessoal, continua trabalhando sério e em breve vai poder se aposentar se assim quiser. Aprendeu a conviver com ele próprio, sozinho, não era mais perigoso ficar assim, na verdade nunca foi, basta acreditar que no seu modelo tudo era certo e de que se existia uma pessoa difícil não era ele, com certeza. Pensou tudo isso no domingo à noite, após conviver com outra família, com o mesmo tipo de envolvimento, após duas horas no ônibus de quinta, feriado de Páscoa, o trajeto era de uma hora, Palmares cheio, foi recebido com empolgação, depois veio o feriado, que participaram juntos e fizeram coisas que pessoas normais fazem, depois veio o sábado, a necessidade de voltar para casa, e deixar tudo preparado para segunda-feira, quando então voltaram para buscá-lo, fizeram uma janta, depois veio o domingo de Páscoa, não colheram Macela, mas fizeram churrasco, onde todos participaram efetivamente, assistiram, ao jogo, juntos e depois ainda fizeram uma massa na janta, quando ele seu conta que àquele momento, lembrou-se o que sua amiga tinha lhe informado pela manhã que sua filha havia ido para Austrália, lembrou do seu filho, que também teria ido à INglaterra em deterinada época, e de que sabia muito o que significava aquilo, e também lembrou que naquela noite tudo parecia muito com o que tinha na outra vida, apenas a mulher diferente, que jantou abusivamente, e que achava aquilo incomum. Depois do banho informou a mulher de que o banheiro parecia que estava entupido. Dormiu mal a noite e decidiu que a situação se resolveria em um a dois meses, tempo suficiente para que tudo viesse a tona e ele pudesse continuar a sua vida, sem qualquer tipo de ressentimento. O problema não estaria mais nas suas mãos.

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