quinta-feira, 2 de abril de 2015

Dano Existencial - workaholics

Dano existencial – workaholics – Pelo que li, o dano existencial consiste em tentar provar de que uma empresa, por exemplo, exigiu que um funcionário cumprisse horas além da carga horária prevista no contrato de trabalho, fazendo com que isso, a pessoa deixasse de ter uma vida particular, deixar de fazer outras coisas, como ir ao cinema, teatro, ir ao parque e ficar em casa com a família, tudo em prol da relação com o trabalho. E os juízes então tem que julgar essa questão, do fator tempo, do fator empresa e de tudo que envolve essa relação com o trabalho. Imagino que devam existir outras formas disso acontecer e como as pessoas estão submetidas a esse contexto, por estarem subjulgadas nesse sentido. É como estar a disposição da mulher para que a mesma possa trabalhar e fazer as suas coisas pessoais e o marido sirva de motorista, de cachorreiros (aqueles que levam os cachorros a passear, vão no supermercado, na feira, fazem o almoço, o churrasco e a janta) são motoristas, vão na lavanderia, quando não lavam e passam ao mesmo tempo, além de levar os filhos em todos os cantos, estar presentes na vida dele e resolver todos os problemas dele, da empregada e quem quer que seja. Acho que eu fui vítima quase 30 anos de dano existencial. Conheci um colega de trabalho, que é o caso de workaholics, ou seja, conseguiu durante um mês realizar 150 horas extras no trabalho, mas logo a empresa bateu no calcanhar dele e cortou tudo, durou uns parcos quatro meses por aí, ele era viciado em trabalho e mesmo após trabalhar desse jeito, deram um gancho nele do tipo, vai trabalhar na rua, fazendo a tua função de origem, não gosto de citar nomes, vou dar o apelido, Ôclides. Ocorre que nessa história do vício pelo trabalho, pela hora extra e pelo trabalho noturno, o cara acaba esquecendo da vida familiar, e acontece que alguém acaba pirando, no caso dele, a mulher dele. Belo dia ele sumiu do trabalho e o pessoal queria saber aonde ele estava, ficou uma semana fora, foi quando descobriram que teve que internar a mulher que apenas surtou por causa da solidão caseira, os filhos haviam crescido e o marido tinha um amante, o trabalho. Não demorou muito o tratamento, a mulher voltou para casa e ele continuou não mais naquele ritmo de trabalho, mas sempre que tinha possibilidade de fazer alguma coisa extra, era com ele mesmo, uma pessoa extremamente viciada no trabalho. Lembro ainda que uma coisa que o protegia era que ele fumava, mas o condicionamento no trabalho era tão grande que os fios de cabelos saiam por tudo que era lugar, pelo nariz, pelos ouvidos, pelo pescoço, tamanha era a falta de tempo na dedicação costumeira àquela mesma rotina. Aquele pai de família que conseguiu formar todos os filhos, era um sinônimo apenas característico das pessoas que amam o trabalho acima de qualquer coisa, pouco vão se lembrar de determinadas fases da vida, poucas histórias poderão contar que não estejam envolvidas com o trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, se você tiver coragem...