terça-feira, 26 de março de 2019

Porto Alegre - 247 anos

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A imagem é de Guilherme Testa do Jornal Correio do Povo

Eu gostaria de fotografar algum ponto da cidade onde moro, pelo retrovisor, como tenho visto ela faz algum tempo, pelo contrário até seria o mais sensato, os tempos são outros, é difícil me convencer disso, eu me esgotei diante do contexto, tanto que visito bairros que andei, muito, muitos dias e eles estão modernos, com sinalizações adequadas e prédios que ultrapassaram a barreira das casas, que ficaram escondidas, mesmo que renovadas, o comércio foi se modificando e alterando muitas das suas peculiaridades. Esses tempos fui num restaurante em que encontrei o mesmo garçon de dez anos atrás, aquele mesmo que me cumprimentava quase todos os dias, assim como a rodoviária que começou a fazer parte do meu caminho, como eu poderia imaginar que um dia eu teria encontros quase que diários e feito amizades ali, que surpreenderiam um eu passado, de nem nos meus maiores pensamentos eu poderia perceber que o nosso destino é cercado de outros momentos que acabam sendo criados por nós de uma forma metafórica. Feiras que ficaram para trás, supermercados e avenidas que se desenharam novamente em uma nova rota, que foi se modificando a cada ano. Não existia mais uma noite, um bar, um momento de desconcentração, ao contrário, momentos de intensa fixação de procedimentos, não era possível mais contar com uma volta para casa, ela deixou de ser a referência certa para ser o abrigo das tempestades e da meditação sobre as ocorrências do dia a dia, não havia tempo para depressão e nem medo, existia um universo tão grande aberto no caminho que não era possível sonhar com um modelo de utopia. A volta para o eu interior capaz de inverter qualquer tipo de ordem era o que realmente me inspirava, a sensação de perda acabou sendo enjaulada por certezas que o que virá pela frente é muito mais desafiador e ofertante. O tempo passa e a cidade se renova, a gente percebe isso, e os momentos anteriores, os pensamentos de outrora foram atropelados pela necessidade extrema de se conduzir ao encontro da nossa inspiração que venha de dentro da nossa alma, da necessidade de superação e crescimento do que ficou para trás, seguimos em frente com olhar de necessidade pela conquista de uma vida melhor e mais prazerosa, com a nossa identidade restaurada, voltamos ao mundo real.

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