Eu sei, já fiz algumas coisas que
não me orgulho, atropelei um cachorro depois de ter saído de um bar com um
amigo, as luzes estavam apagadas e o cachorro avançou a rua sem querer, eu não
sei até hoje como aquilo pode ter acontecido. Ainda me pergunto como pode ter
acontecido várias coisas naquela época, de arrumar desentendimentos
desnecessários com amigos e convidar um colega meu na frente de todos outros a
ir para cama comigo, coisa sem pé nem cabeça, eu não devia ter a noção exata do
que eu estava passando, eu era incontrolável por alguma motivo, mas mesmo
assim, eu era uma pessoa do bem. E cada vez que eu mexia numa peça, a coisa
ainda ficava cada vez pior, parecia que existia um universo neutro,
completamente perdido onde eu acabei me envolvendo, o que de fato foi muito
ruim, eu precisava de dinheiro e precisava me expor, eu também precisava viver mais
um pouco, mas a minha mulher na época praticamente me jogou naquele mundo, dali
para frente eu só conhecia o que de mais difícil poderia existir em termos de
trabalho e de satisfação pessoal, eu acabei resolvendo unir o útil ao agradável
e comecei a perceber que existia um outro tipo de conduta que poderia me deixar
muito mais leve do que eu poderia imaginar, se envolver com pessoas que
procuravam uma chance de se inserirem na vida das pessoas de uma maneira que pudessem
ser vistas. Isso também significa riscos, muito grandes e de alta capacidade de
se dar mal mais adiante. Tudo não deveria passar de curtição, de umas saídas
para entorpecer a alma e voltar no outro dia ao estado sadio da normalidade.
Crocodile apenas nos mostra a capacidade que a gente tem para se enrolar em
todo tipo de relacionamento, tanto pessoal como profissional, tem uma hora que
a falta de dinheiro acaba afetando a nossa capacidade de entendimento e
raciocínio sobre as coisas certas e que
dizer não em determinado momento é o mais sábio a fazer. Na grande verdade, isso
devia ser no ensinado da forma correta como as coisas deveriam ser e o tipo de
amizades que deveriam elevar a nossa condição de pessoas com uma consciência
superior e procuradoras de objetivos pré-estabelecidos com almas purificadas,
mas infelizmente muito pouco de sabedoria e consciência existia naquele corpo e
de tentar explicar para quem quer que fosse o nosso real interesse em se manter
numa postura inferior. Naquela época existia pouca lógica e muito pouco juízo,
a gente se perdia em aventuras que não saberia de fato aonde poderia dar, nós
desaprendemos com a nossa razão e a família que certamente nos manteve de pé, na maior parte do tempo e por ela, nas
condições que ela nos oferece, que chegamos ao ponto que chegamos. Mesmo no
instante que resolvemos atirar tudo para cima, em algum momento, o universo e
as plataformas que o regem nos impedem de seguir adiante, somos reféns de nós
mesmos e daquilo que queremos por um único motivo, nem sempre o destino está
querendo nos evidenciar um outro modelo, como si desse para você: “caminho
errado, você não pode seguir por aí”.
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