quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Cinderela dos Pratos

Estava atrasado, mas o que iria fazer, sem café não iria ficar. Entrei na padaria de costume, aquela que sempre levo uma cuca e a última de maracujá fez um sucesso daqueles. Sentei no mesmo lugar de sempre, é assim que tem que ser, melhor sempre sentar no mesmo lugar, que geralmente e próximo de onde se faz o café e o tal farroupilha prensado, coisa de louco, mas que era necessário. Fiquei ali pensativo no que iria escrever ao Lourenço, imaginando o que dizer e não queria deixar isso para depois, precisa na verdade de um texto para que representasse alguma coisa, que não passasse como seu eu não admirasse as pessoas pelo que elas são, por isso eu escrevo vários textos tendo por bases autores que eu realmente admiro sem nunca vê-los ou conhecê-los, eu queria mesmo me identificar com eles, e queria falar com eles isso que eu gosto deles porque escrevem coisas que tem a ver comigo, ou com alguma parte de mim. Enquanto isso, comecei a sempre olhar para a mesma mulher, que no início ficou constrangida, depois começou a retribuir o olhar, e acabei por disfarçando o meu olhar, para não parecer estranho aquela situação, eu a admirando e ela sei lá o que pensando sobre isso, mas acabei acho que arrumando uma admiradora, que lavava os pratos, enquanto a sua colega dizia em tom alto do outro lado do balcão que gostaria apenas de ficar lavando os pratos, enquanto a outra respondeu, que graça tem isso? Sim eu sei que o texto falta os apóstrofes, e o travessão, mas o texto é tão informal que resolvi excluí-los, e acabei pensando naquela época que eu gostava de sair com as empregas domésticas, tive um fase assim, e eu gostava tanto que uma vez dormi com ela num banco de praça, com os carros passando e gritando coisas impublicáveis, ela trabalhava numa lancheria, só queria minha companhia para até o dia amanhecer e ir para lancheria. Já falei desses casos e é melhor não se tornar repetitivo, mas aquela fixação por mulheres que tem essas atividades me chamavam a atenção, eu gostava também de bailões, das mulheres que frequentavam aquele espaço público, porque eram mulheres que queriam, mais do que nunca, um Homem para chamar de seu, que pudesse dar muito mais que apenas um relacionamento vulgar, queriam um psicólogo e ajuda financeira depois quem sabe, é isso que muitas delas precisam, de alguém para estabilizar a vida emocionalmente, nem que seja para dar mais ritmo ao cotidiano, mas que sem ele, a coisa poderia se tornar um circo de horrores, é a grande verdade. Esse Homem, não era eu, eu era um jovem naquela época que estava iniciando a vida universitária e trabalhava numa empresa pública, querendo me tornar um adulto a procura de uma mulher verdadeira, algum dia. O final de noite sempre aparecia com lago inesperado, e era melhor não comentar o que de fato acontecia, porque não é o caso por aqui, mas apenas fiquei lembrando das várias mulheres que troquei telefone e nunca me ligaram, e as que me ligavam eu dizia que preferia continuar saindo com meus amigos porque a noite tinha um laço de encanto e gostava de me perder nela, sempre voltado no final dela, sem o troféu na mão. Eu gosto de agradecer sempre o atendimento que me fazem, seja em qualquer lugar, e gostaria de ter tentado chegar na imaginação da minha cinderela para escutar seus pensamentos e suas vontades sobre aqueles nossos olhares e como eles poderiam influenciar nas nossa vidas em outra época e em outra situação. Talvez ele estivesse para me chamar e dizer para que lhe tirassem dali, que apenas me dissesse como é bom ficar sendo admirada ou como alguém pode apenas ficar olhando e não dizer nada, como pode?

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