sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Parentes sovinas e encrenqueiros

Parentes sovinas e encrenqueiros Não convém citar nomes, nem é o caso, sei que vocês vão querer saber quem é capaz disso, mas enfim, eram outros tempos, lá pelos anos de 197setenta e poucos, por aí, mas lembro que tudo começou antes disso. Foi num fim de semana que tive que ficar com eles...sei lá porque, eu achei o máximo, mas pensei que ia passar com eles o fim de semana inteiro, não, era por apenas algumas horas...e mais tarde eu pude perceber que era com a nossa família mesmo o problema, sei lá também porque, só sei que essa parenta ainda foi no velório da minha mãe, acabo de me lembrar o nome dela, mas não vale nem a pena dizer...sei que naquela vez que fiquei com eles eu deveria ter o quê, dez, oito, nove anos? Eles moravam na Silveiro numa casa de dois pisos que era um luxo, depois fomos morar no Menino Deus, ou até já morávamos ali, eu talvez fosse esse o motivo daquela disputa. Eu era criança e os acompanhei ao super mercado e nunca vi tantas compras juntas, eu acho que nunca vi um rancho lá em casa, demoramos até para ter carro, só sei que naquelas compras todas eu pude admirar todas as guloseimas que uma criança esperar ganhar de quem parece que gosta de ti e é tão rico, sei que eu era uma criança educada e não pedi nada, e como por encanto aquela festa terminou e alguém foi me buscar para me levar para casa, não sei quem foi, mas levei como prêmio de consolação por ter ajudado provavelmente a carregar alguma coisa das compras, um pirulito, isso mesmo, um pirulito...tão somente, um...espera aí, e os doces, chocolates recheados, e todos aqueles bombons, não eram para mim então????? A mãe contava uma história dessa parentada de que não prestavam mesmo, essa história era digna da traição que essa tia levou no dia das núpcias, ou daquele caso da amiga de uma namorada, que não tendo coragem de dizer que traiu o namorado, disse que o filho era dele, mas na verdade era de outro. Após consulta médica, o doutor disse à minha mãe que meu irmão precisava de outros ares, de praia, de mar, essas coisas que uma criança com dez ou doze anos, que já entende das coisas, precisa experimentar, estava passando por momentos difíceis em relação aos olhos e a cabeça principalmente, pode ser porque tinha caído de uma janela de um metro. Meu pai então pegou ele para o braço, depois da mãe fazer a mala, dele, e se encaminharam em direção à praia, os dois, a minha mãe, talvez já temendo pelo pior, não acompanhou. Meu pai recebeu um não, comparado a atitude de sustentar todas irmãs quando chegaram todas de Uruguaiana aqui em POA, baixou a cabeça e retornou para casa, falando em cabeça, meu pai era outra coisa, matava no peito e pescava o peixe sem medo botava a perereca na ponta do anzol, acho que só pesquei uma vez com ele de forma assim profissional, pqp, que falta que ele faz, não tenho como dizer e revelar isso, porque vem de lá do fundo do peito. Aquilo gerou na nossa família um ódio e pavor daquela mulher (porque era ela que mandava no marido, por causa daquela traição básica na noite de núpcias, ele se escondia das festas) que a gente evita até cumprimentar, mesmo assim, nunca mais fomos num aniversário na casa dela, primeiro porque eu caí da escada e quebrei o vidro da casa dela, sangrou...e depois porque o meu irmão maior ficou trancado na cozinha, por causa disso, enquanto os da idade dele todos estavam livres para namorar e andar pela casa a vontade, a mãe achou aquilo um ultraje, foi a última vez que fomos à casa deles. Depois disso ela comprava os parentes com presentes, tinham um humor mórbido, nas festas sempre dava confusão, e eu sempre me lembrava daquele pirulito, roubei uma vez no jogo de botão e meu irmão mais velho deixou talvez por causa disso, não precisei ir para decisão, meu irmão ficou do meu lado e fui campeão, derrotamos o adversário certo, ela. E os rolos continuavam mesmo assim, com os outros primos por causa dessas atitudes e eu me metia nessas brigas às vezes sem querer, coisa besta, uma vez dei uma cuspida no meu primo, porque ele me cuspiu o tempo inteiro, minha outra tia não entedia dessa maneira, e qual mãe vai entender, eu era mais velho, mas não demorou muito para eu ralar o dedo mindinho no portão da casa, dela, eu gostava dessa tia por um único motivo, ela dizia na cara o que ela pensava, uma mulher séria, eu achava que ela estava errada, o guri cresceu e uma vez reclamou numa festa de aniversário que servi cerveja num copo de refrigerante, queria copo de cerveja, daqueles grandes. Eu fui lá e troquei na hora, dali a gente viu que não estava acostumado a beber, quem bebe da família, não quer nem saber qual o tipo de copo, naquela época podia ser até da cica. Quando meu irmão se formou ela não foi convidada para o evento, o primeiro a se formar da família, aquele mesmo que ela negou a hospitalidade da casa da praia, mas numa festa ela o parou no meio do salão e cumprimentou e eu olhei aquilo pensando que ela era muito cara de pau mesmo, nunca pediu desculpa e foi lá com algum objetivo, do tipo quero que tu olhe para mim e veja que eu sei que eu não fui convidada. Meu irmão foi pego de surpresa, eu não sei se deixaria passar a oportunidade de dar uma raquetada nela por aquela atitude sórdida e cretina que tomou naquela época, não se faz isso com uma criança dessa forma, o filho mais velho do irmão, tentar estabelecer uma relação de poder naquele momento, com uma criança... Me lembro que o primo societal, uma vez disse que não tinha nada a ver com a nossa briga com ela, e que não iria se manifestar sobre isso, o castigo veio depois, teve que ir morar na casa dela e depender inclusive da casa deles para morar, era um casca fina, se desdobrava sempre para o lado que mais interessava, mesmo que isso pudesse custar outros interesses, mas isso não vem ao caso, por enquanto. Passamos anos sem falar com nosso tio que estava proibido de ir na nossa casa, mas a gente sabia dos rolos que ele se metia até com as vizinhas por causa “daquilo”... Aquele meu irmão da cozinha, voltou a freqüentar a casa dela Os dois morreram e não tínhamos mais como estabelecer qualquer tipo de vínculo de despedida, eles perderam uma oportunidade ímpar de conviver com a nossa família no momento mais emocionante de nossas vidas, quando ainda não temos a nossa vida particular e vivemos em função dos nossos filhos e dos que nos cercam, momentos de rara beleza e de lembranças inesquecíveis.

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