segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Na mesa de negociação da Vara de Família...Porto Alegre...

Sentados àquela mesa nós dois, 28 anos de convivência, e pessoas que não nos conheciam, nunca conviveram com a gente, loucos por um negócio, esperando que não desse certo para ficar com a parte profissional, ganhar dinheiro assim, a base da infelicidade dos outros, só uma das partes, a que estava desesperada para aquele tormento ter fim para se sujeitar àquilo, a gente não sabia o quanto seria difícil, conviver com a nossa própria consciência depois de sentarmos àquela mesa. A Juíza e as advogadas, os escreventes, os auxiliares, presentes...um acordo feito anteriormente, um acordo feito na hora, para selar com todos aqueles anos ao redor de um banco de Fórum, aos 47 do segundo tempo. Quando sentado naquela mesa fiz apenas uma pergunta à juíza. Ela já tinha me feito uma imposição, esperava que eu não viesse perturbá-la se o acordo não desse certo, como não deu mesmo. Ser juíza de família deve ser muito difícil, amanhã pode ser ela ou seus filhos, netos, e talvez não pudesse representá-los, era uma mulher nojenta, asquerosa, arrogante e prepotente, enfim, era uma juíza da vara de família, a única que conheci. Foi uma péssima impressão, porque ela não achou nenhuma dúvida no que estava acontecendo, não perguntou para nenhuma das partes diretamente, não desconfiou do que estava acontecendo, que tipo de acordo era aquele???? Ela apenas afirmou se não havia mais o que fazer e se estava tudo ajustado...os pagamentos seriam todos por conta da outra parte, eu apenas teria que pagar pela minha advogada que não sei o quanto era culpada para que não fosse possível se desfazer o negócio. Eu fui avisado de última hora que ela não havia assinado o documento, tentaria fazer depois, só sei que a tal juíza não aceitou e acabou por deflagrar um prejuízo financeiro inenarrável a ambas as partes, retirando dinheiro que poderia ser investido em qualquer outra coisa em que as partes pudesse ser beneficiadas; não teve experiência suficiente para conduzir o processo, apenas quis estabelecer uma ordem superior do tipo "manda quem pode e obedece...do tipo aqui não é lugar para se resolver esse tipo de questão... não isso não é possível, instalou-se mesmo foi a banalidade das decisões judiciais como acontecem já há muito tempo, poderia-se com esse dinheiro nomear um consultor familiar, um psicólogo forense para que esclareça as coisas, que se entenda o que está acontecendo e porque daquelas decisões, tem primeiro que existir motivos para que as coisas aconteçam, além do dinheiro e dos bens materiais, a auto-estima de cada um está em jogo, a valorização de si próprio, todo tempo de convivência juntos e todos ensinamentos repassados ao filho, tudo indo para uma descida rápida ao fundo do poço. Enfim, como em tudo que é lugar, principalmente na administração pública, pessoas não estão preparadas para lidar com as exceções, e aquele caso, sem dúvida, era uma exceção. Todos, imagino que todos, sem exceção, torceram para que os juízes e os advogados realizasse o ato mais cruel que poderia ser realizado naquela mesa, a destruição de um vínculo familiar de muitos anos e a deterioração de sentimentos e relacionamentos que acompanharam nesses anos. Isso se justifica quando nenhuma pessoa procura a outra parte para dizer uma palavra de tristeza, de compreensão, de arrependimento, todos viraram as costas e torceram pelo pior. Imagino que de bom dessa história toda, foi de que, quando alguém sofre por demais e tenta ser forte, achando que foi o melhor, que agora novas portas se abrem para um novo mundo, os “outros” acabam por ter um ensinamento de como aquilo não deve acontecer, acabam superando as suas desavenças e procuram viver melhor, tendo como exemplo, aquilo que de ruim aconteceu na vida daquelas pessoas que estava em volta daquela mesa. Ninguém imagina que por causa disso, os que viveram aquele processo, não conseguiram entender como tantas coisas deram certo, para dar tudo errado por tanto tempo, e o universo não conspirou a favor para que todo processo se revertesse sem tantos sofrimentos e obstinações, calvários desnecessários, fiaram doentes e procuram agora um nova oportunidade de refazer suas vidas dentro daquilo que sobrou, pior é não saber por onde recomeçar, todos assistiram o sofrimento deles, mas insistem que aquilo deve se manter inalterado para que o resto da banda podre familiar continue sobrevivendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, se você tiver coragem...