terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Jaquelines...

Conheci várias Jaquelines, não importava a maneira de como os nomes delas eram escritos, realmente importava eram as pessoas. Conheci uma Jaqueline que era secretária quando trabalhei como Administrador no Aeroporto, tenho até hoje a foto que que tirei num dos seus aniversários na empresa. Era uma mulher realmente atraente, e tinha um estilo de elegância muito além do que exigia aquele cargo; secretária tem até o seu dia específico. Além da foto, lembro de algumas saídas do trabalho com os colegas, vídeokês e dança que era comum em determinada época do ano. Era uma mulher que chamava atenção em qualquer lugar que passasse, ainda mais quando andava junto com a Cassiana que era uma beldade de menina. Até onde me lembro essa Jaqueline recebeu um convite de casamento no Paraná, e para lá se foi, estava cansada daquela vida estressante, às vezes com a empresa terceirizada atrasando o salário e na dependência daquilo para viver. Aproveitou a oferta e se mandou, hoje não posso dizer se não teria sido melhor continuar por aqui esperando uma oportunidade melhor de trabalho. Acho que ela foi para uma aventura. A Outra Jacqueline era com C, que deveria dizer de uma pessoa salvadora, sim, salvadora, uma vez eu vi ela se atirando na frente de uns traficantes para salvar o marido de uma agressão. O que dizer disso, vendo a possibilidade de perigo, não exitou em dizer “não” e aliviou o impacto na hora da confusão. Acho que o amor dessa mulher, por esse homem é tão grande que não há como explicar. Talvez ela tenha visto nele a única salvação para os seus dias de amargura e solidão e a tenha resgatado do fundo do poço das amarguras profundas. Ainda prova de amor maior, ainda tiveram um filho, ela já tinha dois, ela já por perto dos 40 anos. Quero falar é da Jakeline dos tempos da ditadura, da minha prima Cris, de uma época em que tudo era inocência, como eu gostava daquele tempo, daqueles momentos de pureza e sentimentalismo barato, não custava caro e nem constrangedor gostar de alguém. Foi numa festa de aniversário, em 1973, da minha prima e tinha reunião dançante, a gente ficava na rua brincando e se divertindo, até que um dia, de surpresa veio aquela informação da qual eu não estava preparado, não poderia imaginar que fosse acontecer, a inexperiência da juventude e dos acontecimentos amorosos me deixaram sem a menor possibilidade de defesa: me disseram que tinha uma menina que queria dançar comigo e estávamos do lado de fora da festa, quando juntou um pessoal e me levaram até ela, até a janela que dava para rua, era apartamento térreo, e dali mesmo, na frente da Jakeline, ela confirmou, na minha frente, que queria dançar comigo, com um “eu quero” na frente de todos, assumindo uma posição feminista já naqueles tempos de direita raivosa; foi a minha primeira humilhação em público. Aquilo acho que acabou com a minha carreira amorosa e a minha auto-estima pelos próximos cinco anos, no mínimo. Depois a minha prima, tentou me convencer a dançar com ela mesmo na própria festa, eu não tinha mais condições de mais nada, só que o amigo do meu irmão disse que eu voltasse lá em Outubro com uma rosa na mão e a convidasse pessoalmente para assumir os riscos de mais um mico, com certeza. Anos mais tarde, algo me dizia que aquela poderia ter sido, com certeza, uma relação que poderia ter durado uma vida inteira, e eu decidi por mim mesmo, excluí-la de qualquer possibilidade de contato, fomos colegas no mesmo curso na universidade, chegamos a freqüentar as mesmas aulas, eu tinha outro projeto de vida, outros interesses e ela se mostrou uma aluna compenetrada, sabia o que queria desde o início.

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