sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

LEILA E ALBERTO PROJETO JUS (PROCERGS, 1979)

LEILA E ALBERTO PROJETO JUS (PROCERGS, 1979) Era uma dupla e tanto. Era um estágio em transcrição. Meu primeiro estágio foi com 16 anos, um sucesso, eram dois meses apenas, no antigo J.H.Santos, foi em 1976. Trabalhei tanto naquelas férias, que quando era para receber Cr$1.000, acabei recebendo CR$1.800,00 no segundo mês, talvez uma bonificação, comprei um gravador Aiko, mas o mais importante foi o trabalho, o amadurecimento. Depois tive meu primeiro trabalho também nas férias, mas com carteira assinada e PIS, preferi continuar os estudos do que investir naquele ramo, não sei se fiz o correto, não estava amadurecido ainda para decidir, acho que a mãe resolveu por mim. Então, me restava um estágio de seis horas e foi o que aconteceu. Além de Leila e Alberto, conheci o Volnei, Marcelina, Otacílio, Motta e a maravilhosa Vânia, uma morena linda, maravilhosa, também conheci a Susana e a Junê. Não consigo me lembrar de todos. O projeto Jus ocorria numa época que eu vendia carnês de times de futebol, nas repartições onde trabalhava meu irmão, isso dava um problema porque eu uma vez não perdi autorização e pedi desculpa depois, o chefe não gostou, mas deixou. Tentei negociar uns carnês com outro colega que vendia de outro clube, ele não quis. Tempo difícil aquele, vendo na frente da Tabajara ali na Borges e a Prefeitura fiscalizando. Leila e Alberto não gostavam de mim, por causa do meu jeito, na verdade quase todos tinham restrições ao meu nome, eu era muito truculento, cobrava perfeição demais de todos, exigia qualidade total em tudo, enquanto os outros já tinham uma experiência e os atalhos em termo de controle de qualidade. Me lembro que até eu ser selecionado para o controle de qualidade demorou muito tempo. Me lembro que o serviço consistia em analisar o processo que tramitava na justiça e colocá-lo no sistema, passava depois pela digitação, ainda depois tinha a crítica. A gente não vinha o resultado final, só o meio, depois teve a fase ainda dos livros tombos. Me lembro até hoje daquele crachá amarelo. Tentei namorar uma menina naquela época, a Beth, era uma morena linda, levei ela para jantar um dia, numa pizzaria, a MIlano, que ficava na Protásio Alves, lavei o carro, encerei e a mãe deixou eu usar o carro aquela noite e tinha que ser ali o pedido de namoro, foi uma decepção enorme, desde o vinho que não provei, pela falta de experiência mesmo, até o não, ela estava muito a frente de mim, ela queria outro tipo de relacionamento, não sei porque ela não me disse o que queria e o que não queria, de como era importante aquela noite e que aquele romance desse certo, mas não deu. Então a mesquinharia bateu, eu fazia parte do controle de qualidade, uma vez entreguei o erro dela para Leila, que chamou ela na minha frente, e ela olhou para mim, só faltou me chamar ali mesmo de fdp. Vingança proibitiva, cometi mais uma, talvez duas injustiças desses tipo, aquilo me abalou muito emocionalmente. Uma vez, quando fui pagar horas naquele prédio, vi o Alberto debochando da Leila, dizendo “La vem ele”, subindo a escada, o pessoal pegou no meu pé e os erros que cometi naquele curto período, o pessoal também ia lá me mostrar, usaram o mesmo veneno que eu usava, a intenção era me desafiar e me complicar mesmo, eu realmente tinha um passado naquele local de muito poucas lembranças boas. Eu fui um péssimo exemplo de colega, não merecia nem ter continuado daquela forma, deviam ter me dado outra chance em outro lugar para que eu me adaptasse melhor, com pessoas que me mostrassem que com o trabalho em equipe é que se poderia atingir os objetivos, ou eu não queria ver mesmo, eu era também muito teimoso. Acho que foi o pior estágio que passei na minha vida, ali pude constatar que eu me tornava uma pessoa difícil com as pessoas que eu não tinha confiança, eu estudava Análise de Sistemas na PUC, acho isso poderia ter contado para essa avalanche de problemas que tive em relação àquela rejeição. Para minha grata surpresa, conheci uma outra estagiária que se chamava Vânia, mulher linda e que te tratava com todo respeito e admiração, numa época em que não se tinha celular, faces ou coisas do gênero, só um nome e uma lembrança. Já no Fórum trabalhei com a Susana e com o seu noivo, um dia recebi uma ligação em casa, dizendo que ela queria falar comigo e como eu estava. Me lembrei do noivo dela, depois de anos, ela tinha sido contratada pelo Fórum e continuava trabalhando lá, já tudo informatizado. Ainda no Palácio da Justiça, fiz uma eleição das mulheres mais bonitas, uma sucessão de erros, eu precisava naquela época de orientação espiritual, psicológica e emocional principalmente, sem falar da profissional. Para ajustar esse lado, depois dos anos, somente através dos inúmeros cursos na área humana e uma especialização, me deixou melhor, mas não me curou totalmente dos problemas e traumas causados pelas empresas anteriores. Alguns momentos importantes foram construídos naquela época, como a rosa que o Otacílio entregou à Marcelina e que um dia sem querer ela deixou cair em cima da mesa, ao abrir um caderno seu. Alberto estava sempre bem vestido, de terno, usava óculos, me lembro muito bem. Leila nunca mais a vi, eu até tentava sorrir para ela, mas ela queria me mandar para o outro lado da rua, no teatro S. Pedro. Lembrei-me das várias vezes do Projeto Jus, quando ia no Teatro São Pedro, com uma namorada minha, quando ela queria conversar ao som de um piano, e tomar um chá, eu pensava naqueles tempos, de que seu eu fosse um pouco mais maduro e tivesse outros objetivos na vida, poderia ter uma melhor passagem por aquele lugar e não ter causado tanta indignação em algumas pessoas.

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