Trote

Pois esses dias estava escrevendo sobre esse assunto, de que na época da faculdade, de como eu gostava dos meus cabelos e não me via sem eles. Mas eu era ingênuo, não devia ter ido a aula na primeira semana de aula, ou nas duas primeiras, ou ter ido somente nas aulas noturnas. Meu irmão caiu naquela e foi totalmente massacrado na cebeleira, acho que somente depois dos cinquenta eles voltaram ao normal. Já o colega dele não raspou a cabeça, conviveu com aquela transamazônica assim mesmo...cortaram o cabelo dele ao meio...mas logo logo cresceu novamente, ele fez bem em preservar. Mas eu sei que gostava tanto dos meus cabelos que tive a capacidade de dizer aos três que me pegaram que aquele que estava ali prestes a ser trucidado, não era eu e sim outro, o meu irmão. Que quem estava ali, naquele prédio, do direito, nem sei o que fazia lá (porque meu curso não era aquele). Eu sei que numa tentativa desesperada deles provarem que eu era eu mesmo e não o outro, meteram a mão no meu bolso e tiraram a carteira escolar do meu irmão, ao qual disse que estava procurando o nome dele para dizer para ele qual o prédio e a turma, mas que estava muito perdido. Eu sei que eles caíram no meu conto e eu continuei fugindo dia após dia, depois de entrar em todas as salas do meu curso, mas que não era a miniha turma. No outro semestre eu vi todos aqueles que sofreram aquela perseguição e barbarismo, cometerem as mesmas coisas com outros calouros, horrível, acho que tudo depende do tipo de violência sofrida, eu diria um tanto massacrante; nesse enrosco, encontrei meu amigo João, entrando com a sua maletinha clássica, aquelas de pai para filho, e o pessoal em cima dele, não deu tempo para avisá-lo, de que o cabelo ia dançar, não deu para fazer nada, ele disse que iria na diretoria, não chegou nem perto, perdeu os cabelos ali mesmo, além dos cabelos, perdeu a hombridade e a integridade, naquele momento mesmo, um ato covarde.