segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Fiscal de Concurso

Trabalhando de Fiscal Achei um trabalho pior que o Fiscal que trabalha na sala, o Coordenador de fiscal, trabalho difícil, árduo, ele faz o fechamento sala por sala das que estão sob a sua responsabilidade, tem que ter experiência, tem que ser hábil, e tem que ter sangue frio com as atitudes em relação ao que foi combinado fora dali, para ser mantido na hora que acontece o problema. Tudo muito perigoso, ele acaba ficando em adrenalina constante, sempre preocupado, provavelmente não dorme a noite inteira pensando em todos os detalhes, fazendo e refazendo o chck-list, aprimorando cada vez mais de concurso para concurso, ele é capaz de chamar até os mais deficientes para participarem do processo, e agora ele fica em cima, perguntando, questionando e se tornando até chato demais para o pessoal mais novo, que saca de primeira como funciona todos os procedimentos, já para o pessoal mais velho, já fica mais difícil. Barbada é ser volante, ganha uma grana e ainda emagrece de tabela, de tanto que caminha levando o pessoal ao banheiro. Analisando os candidatos e as situações, percebemos que tudo pode acontecer num concurso, os tempos andam outros, e agora não pode deixar nada em cima das mesas, além da folha óptica, da identidade e da caneta, nem lápis e borracha pode deixar. Quando a concursada entra na sala, é avisada de que deve desligar o celular, olha para o quadro e está escrito:”manter o celular desligado”...; estão ali os fiscais conferindo folha óptico e lista de presença e quem está teclando bem ali na frente de todo mundo, a loira da classe oito, “que, ah, desligar agora???tem certeza???” é o fim do mundo...por mim já estava reprovada ali mesmo. Tem a candidata que fala sozinha e que ainda discute com ela mesmo, gesticula, mostra as opções, diz que o chute não vai resolver nada, e argumenta sobre o tempo que está passando e a grade ainda não foi preenchida. Outro, esse desesperado, pergunta se não arrumaram ainda uma fórmula de trocar a questão que preencheu a opção errada, o fiscal faz um aceno com a cabeça do tipo: a questão está perdida, agora é um fator de sorte apenas, mais nada. A prova somente será entregue, após passada três do início, ninguém saí da sala uma hora antes. Ventiladores e iluminação perfeita, o calor está leve só para quem fica na porta, com uma leve brisa. As primeiras duas horas custam a passar, depois o senta levanta para ir ao banheiro, depois a burocracia da papelada, o check list, a folha rascunho como se fosse uma redação de vestibular, a folha oficial, assinada pelos dois últimos presentes, que lacram as provas assim, como a primeira testemunha assina o recebimento das provas lacras. Encerrado o movimento burocrático de colocar em ordem, preencher a ata com as falhas de quem não preencheu as opções, as ocorrências que houveram, é hora de ir embora, missão cumprida e estabelecida. Uma tarde como fiscal foi vencida.

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