sexta-feira, 24 de outubro de 2014

do bairro Menino Deus

Texto publicado em 17/09/2012 Morei 24 anos no Menino Deus, até hoje vou na missa de Natal lá...fiz a primeira comunhão ali...tinha a época da exposição, aquela que ficava na frente da Loja e do prédio da Livraria do Globo, dos bondes que passavam na década de 70, tudo era muito poético, antes do solar Ana Terra tinha um campinho de futebol que deve vez em quando apareciam os boleiros, as crianças guardavam os carros para ganhar uma grana, nem existia o termo flanelinha, depois veio essa fase que tu falou, muita coisa boa, por fim foram sendo derrubadas as casas, uma a uma, ainda existem famílias tradicionais morando lá, outras morreram ali mesmo e construindo-se prédios um atrás do outro, muita coisa mudou no bairro, o coração que era a Av. Getúlio VArgas, a lavanderia Ok, o Marrocos, o Restaurante Tigresa, a churrascaria Itabira e a Amoenda, o Supermercado Econômico, o Bar 1, o Chiwawa (que filé), O Limperatore, O Zepelin, o Velha Guarda e o Frango no Cesto, sobraram o Chips, o Carlitus (que veio bem depois)...como se verticalizou muito, aquele passado não foi superado, mas muita coisa boa se adequou ao bairro, pode-se ver pelo Zaffari que é uma referência na região...as gatas da noite também mudaram e muito, a tecnologia e a atividade bancária colocaram carros dos dois lados da rua...ficou um bairro moderno e muito agitado comercialmente durante o dia...a noite antigamente era possível caminhar entre as palmeiras...Com o advento da modernidade, resolveram fazer a Igreja Nova, quando nunca se imaginou que, hoje, pensaríamos que a antiga deveria ter sido presevada a qualquer maneira, a qualquer cuto. Algumas histórias do Menino Deus, o primeiro assédio, ali eu percebi que pai e mãe falavam a verdade sobre os mal-feitores, que eles realmente existiam e não era ficção, foi possível ver satanás diretamente sobre a nossa frente. No apartamento da mãe morei 24 anos e se aquele apartamento falasse, diria com certeza que as primeiras experiências em relação ao universo feminino foram convertidas ali mesmo, cresci e tive amigos que vivima e sentiam os mesmos medos e fantasiavam os mesmos fantasmas. Ali tivemos desilusões com as pessoas que nas festas,em bairros menos tradicionais, saiam das festas somente para arrumar desordem e quebradeira com pessoas de bem. Aprendi a dirigir no MD, vi até uma música cantada pelo Caetano Veloso, participei do pré-vestibular Mauá, que tinha um ônibus que nos pegava em plena Getúlio Vargas, e nos levava até o Bira Rio. Vendemos o apartamento que era da mãe, éramos 6, agora somos 4, 2 nem moram em POA, 1 mora no Teresópolis, eu quase voltei para o Menino Deus, tenho amigo que ainda mora ali, os institutos de beleza ainda se mantém. Quase que presenciei a morte de uma amiga da mãe, quando atendida pela SAMU, meus amigos de infância e até os meus desafetos, não nos perseguem mais, as nossas escolas ainda permanecem no local, que professores teremos agora? que tipo de alunos? Ainda frequento o Menino Deus, ando com a lotação para matar a Saudade dos bondes e das kombis-lotação. Andei de mão, namorei e fui feliz no Menino Deus.

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