segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

texto de 27/01/20015


Essas nossas conversam rendem hein?
Sempre me fazem pensar no dia seguinte. Eu tinha um amigo que depois que casou só me procurava para farra, a mulher dele ia viajar ele me ligava, eu achei estranho aquilo. Eu perguntei aonde estava a mulher dele, na hora, pelo telefone, e ele disse que ia viajar, ou seja, só nessa hora ele aparecia. Então, nunca mais nos vimos, ele tinha medo de sair e quando chegasse em casa a mala estivesse na porta. Eu tive uma amiga que fez isso com o marido uma vez, era doida da cabeça, depois ficava perambulando procurando sempre alguém parecido com o cara. Então amigos são assim, eles nos procuram para a gente escutar e dar opinião sobre a crise do relacionamento e a gente joga a favor, dá os melhores conselhos, ensina os atalhos e  depois eles somem mesmo, principalmente quando aparece uma mulher na parada. Eu sempre fui o mais divertido dos meus amigos, porque sempre tive muita história para contar e sempre tudo acabava bem. Eles se surpreendiam com as minhas atitudes, era realmente tudo muito engraçado porque a gente vivia uma coisa que era o futebol, escola, faculdade, PUC, e amadurecemos todos juntos até a hora da separação de cada um. Eu me casei com 23 anos, quem é o doido que faria isso hoje em dia. Eu saí de casa, porque na nossa época a pressão era demais, não dava para levar namorada e dormir com ela lá, tua vó teria uma crise existencial, chamaria elas todas de vagabundas para baixo. Sem falar nisso, metade da grana que a gente ganhava no emprego tinha que ajudar em casa, a tua pegava o dinheiro e revertia em ajuda para nós mesmos, mas eu sei que não dava para ficar bancando a metade em casa e o resto com as mulheres e as prostitutas, estava na hora de sair, porque se não as pombinhas se mandavam também. Eu não me casei, eu construí do zero, primeira coisa que comprei foi um faqueiro, depois vendemos o carro que eu e a tua tia tínhamos para viajar e montamos um ap. não casamos, foi um dos grandes erros que fizemos, na verdade eu não queira casar e acabamos sendo obrigados a que isso acontecesse.
Então a conversa seguiu por aí, por esse caminho, eu acho que tudo isso que a gente vê agora e discute é porque as coisas estão acontecendo na nossa frente e nem sabemos muito bem como lidar com isso, sobre o que ficou para trás. Me lembro que o Zé também não quis seguir a Engenharia, nem fez concurso pela questão da competência talvez, o cara tem que se sentir competente para entrar no ramo, acho que é isso. O vizinho tinha uma mente privilegiada, mas com aquele gênio dele, não arrumava emprego, virou professor, e acho que de Cálculo, matemática e álgebra, ele era muito bom mesmo, mas foi até lá que ele chegou, todos esperavam muito dele, um gênio da engenharia elétrica. Sempre é momento de rever conceitos e adequar novas plataformas, assim como eu, vários não seguiram a profissão, não me arrependo e acho que poderia ter sido um bom arquiteto se tivesse passado na UFRGS, foi uma decepção para mãe não ter passado lá, mas enfim, a vida continua. Quem sabe tu não vai acabar mesmo é abrindo uma banca de revistas no Rio...a gente nunca sabe. O pai achava que eu não ia me formar, do jeito livre que eu era; me formei em 86, ele morreu em 84, não adiantou mais nada provar alguma coisa para ele, o pior de ele ter ido embora tão cedo, foi que ele não me ensinou os diversos atalhos que eu acabei sabendo levantando e caindo, caindo, levantando, caindo, levantando...ele poderia ter me dito uma forma melhor de não cair tanto. Mas os nossos caminhos somos nós que traçamos, me lembro que uma vez ensinei a filha da minha empregada, equações e inequações matemáticas, para uma prova de matemática, que ela tinha no Protásio...a gente faz isso porque eu penso como tu, a gente sabe o que passa quando não sabe a quem recorrer. A vida que a gente não sabe aonde foi parar.

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