sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Aqueles tempos

AQUELES TEMPOS
apaixonava-se
sem controle
naquela fase da vida
era seu tesouro
o mais importante
colecionava
amores mal-sucedidos
portas fechadas
para o coração
não desistia
vestia a alma
com seus melhores trajes
e saía a flanar
pela noite
predador urbano
carente & gentil.
Ricardo Mainieri

     Nelsonpoa: 
Essa vida de poeta ás vezes se confunde com a realidade, talvez faça tanto tempo que nem é possível lembrar com clareza, apenas introspecções. Naquela época namorar não é como hoje, amores e romances sérios era uma verdadeira coincidência do destino, a gente era pobre e gostava muito, mas muito mesmo de mulher, o que dirá de namorar. Embora elas sentassem no nosso colo, a gente não tinha a melhor noção do que representava aquilo, deveria ter se aprofundado, numa época que nada podia, nem se arriscar era salutar e muito menos não havia receita suficientes para que isso fosse ocorrer, a gente acaba enjoando daquilo que a gente não tinha.  Já naquela época a gente já havia de ser muito mais audacioso, e como esquecer o primeiro beijo, ela perguntando como iria se despedir, quando a mulher é corajosa e se impõe, a vitória masculina é muito mais do que suficiente, é uma missão cumprida e realizada pelo ego inflacionado de situações desastrosas. Tudo é uma surpresa, colegas se declarando em plena sala de aula, sem ao menos a gente saber porque não dormimos com elas ou pegamos na mão delas, nos bastava olhar as pernas e fazermos trabalhos em grupo, sem qualquer vinculação à orgia. A gente era esperançoso, não era perfumado, porque não tinha dinheiro para tal, não bebia e não se arriscava além das nossas fronteiras, porque a gente não beijava elas na boca? Na grande verdade, os primeiros romances, aos 17 anos e elas com quinze, a inexperiência masculina é tão ruim ou pior que a das meninas que naquela época flertavam muito mais, sem que ninguém soubesse, havia uma forma de se esconder que não era brincadeira de criança, a gente devia ter se apaixonado e largado os estudos de lado, mas a razão nos entorpecia de uma paixão por não saber muito bem o que, era tudo uma grande falta de sensibilidade e da certeza se deveríamos amar ou nos entregar para a nossa própria ilusão. Senhores de si e carentes de nós mesmos, procurávamos abrigo na parada 48 do Cantegril, nos travestíamos de Predador Humano, até a chamada JP, onde subíamos a escada carentes para amar, a gentileza reinava e o abalo financeiro se consumia num final de noite abraçados a nossa própria sorte.

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