Um Novo Homem

Pensei várias vezes em como escrever esse texto. Durante muito tempo tive uma parceria importante nas conversas e troca de pequenas estórias do cotidiano, que renderam a iniciativa de um dia transformá-las em livro, não sem antes contá-las em Blog , depois fazer uma seleção das melhores e publicá-las. Nos últimos anos elas começaram a escassear, até que por fim, só ficaram em pequenos assuntos via mensagem de celular. Nesse último fim de semana, depois de muitas tentativas infrutíferas, aconteceu nosso encontro na nova casa dele, na realidade um apartamento, que havia comprado há algum tempo atrás, até me perguntou algumas questões técnicas e o que eu achava. Indaguei para ele de várias situações que me ocorreram em compra de imóveis como a de que uma vez desisti de um apartamento da CAPA, porque na hora que fomos ver o apartamento decorado, tomamos o susto com o tamanho do mesmo, seria impraticável morar ali, eu me considerava bastante espaçoso e teria que deixar de lado várias coisas que me acompanhavam. Só sei que, na realidade, nunca paguei tão caro por um par de espetos e capacetes, que faziam parte da entrega do mesmo. Isso é claro que hoje não tem a menor importância, até porque o tempo passa e aquilo que parecia tão importante naquele empreendimento chamado de LA TOUR hoje apenas ficou marcada como estória que realmente foi necessária acontecer. A desistência foi um acerto. Dessas experiências todas e de todo procedimento de comprar um apartamento na planta e não saber se ia conseguir pagar, finalmente chegou o grande dia de conhecer o imóvel. Não tinha muitas expectativas do que iria encontrar, mas foi muito mais impressionante que eu poderia imaginar, um apartamento no mais completo luxo e com uma decoração realizada em nível de detalhamento, sem falar da garagem com duas vagas espaçosas e uma vista como poucas que já vi na vida. Tudo cheirando a novo e com uma prataria de filme como as que aparecem no cinema mesmo. Diante disso tudo eu, pelo que observei, fiquei teorizando e tentando entender como tudo aconteceu para que um arquiteto tenha planejado, tudo isso de uma forma tão perfeita. Até os móveis, com uma linha tipo Inovare, de um bom gosto sem comparações. Fiquei então me perguntando se tinha dedo de mulher na decoração, já que meu amigo é arquiteto, mas nunca foi ligado nessas coisas de luxo e de qualidade. Muitas vezes visitei-o na antiga casa dele e primava pela simplicidade. Depois fiquei resgatando tudo que veio de informação a respeito, dos encontros, dos bailes, das viagens e da capacidade de se apaixonar por uma mulher de uma forma tal que a pessoa se transforma, de uma forma que jamais nenhum dos amigos poderia imaginar que isso fosse possível, até porque nunca é tarde para se conhecer uma mulher que tenha essa capacidade, mesmo após os cinqüenta anos, de fazer um homem virar a cabeça para o lado de se libertar de amarras tão fortes e se sujeitar a conviver com um amor, que já tenha tido uma família, e passado, já por questões de relacionamento bem resolvidas. Coisas que somente são decididas através de um entendimento das relações de pessoas maduras. Nunca me imaginei compartilhando uma refeição com uma ex-relação sem que ela me atirasse o prato da sobremesa na cabeça. De qualquer forma não é mais uma pergunta, é uma realidade, e a afirmação de que o Homem, depois dos cinqüenta, quando aparece com aparelho nos dentes, e falando em resolver problemas com seu dentista, é porque alguma coisa está acontecendo e a gente não está sabendo tudo sobre isso. Eu uma vez pintei o cabelo, troquei as roupas, usei outros perfumes, mas serviu para reforçar de que eu gostava de mim como eu era. Assim, mesmo, fico pensando nessa questão de doação por um novo amor, de que para um Homem sair de seu ar de pré-histórico, para entrar na modernidade, necessita de passar uma mão de mulher, que consiga fazer ele entender que tudo aquilo que ele pensava e agia fosse postos dentro da lata do lixo e não tivesse mais, a partir de agora, o menor valor. Acho que isso é amor: e desse amor se morre.