sexta-feira, 22 de maio de 2015

Outra vez a linha C3

Adotei essa linha por ser a mais querida pelos velhinhos que fazem a festa todos os dias, gostaria de andar mais na C2, como faço no verão por causa do ar condicionado, é mais rápida e Jovial nos caminhos que me servem. Tem coisas que acontecem somente nessa linha, não o horóscopo que passa na Tv diariamente, que é sempre um tomar cuidado sobre tudo, mas sim, é a única que o cobrador, tem um relacionamento mais afetivo com os passageiros, e se diverte com eles como o caso desses dias que a passageira tentava fazer passar o seu cartão do banco na roleta em vez do cartão tri, e o cobrador dizendo que ele a roleta não aceitava esse tipo de pagamento, e que todos não estavam entendo o que estava acontecendo e nem a passageira perguntando o porquê, até que foi uma gargalhada geral e um pedido de desculpas dela. Mas esse mesmo cobrador, esses dias comprou ou recebeu uma jaqueta forrada por dentro, para o inverno que está por vir, e estava tomando cafezinho junto a passageira que passou a viagem inteira debruçada ao lado de onde ficava o cobrador, inclusive uma hora vi ela mexendo no lugar onde ficava o dinheiro, como querendo ver se ele tinha uma caneta para emprestar ou coisa parecida, depois de todo aquele papo, que ninguém conseguia ouvir dos dois, ela desceu no fim da linha, onde às vezes eu também desço porque quero ficar mais um pouco ali, nem sempre as mesmas pessoas pegam o ônibus, naquele horário, mas geralmente é o mesmo, depende então da mudança do motorista e do cobrador. Esse ônibus tem uma questão particular que ele tem uma escadinha para onde leva até a platéia, enquanto eu geralmente fico ali no palco, na parte debaixo, onde eles até podem me ver, mas por uma questão de vidros e ferros, eu acabo conseguindo vê-los todo tempo e melhor. Hoje, por exemplo, a platéia estava lotada, mas todos sentados e comportados, esperando a cortina se abrir, todos pensativos, mulheres bonitas e velhinhas bem vestidas e com aquele anelão de casamento no dedo, todas bem maquiadas e sérias, as velhinhas de antigamente. Em alguma parada específica desde o cadeirante que subiu bem antes de mim, com ele descem os ceguinhos que também utilizam aquele circular, muito bem humorados sempre, e aí a cobradora, também fala com ela sobre sutilizas e tenta divertir todo mundo dizendo que está na hora da sua parada, citando lugar como se fosse uma fantasia, quanto vejo, o ceguinho carregando o cadeirante pela rua afora, é o dia começando.

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