quarta-feira, 3 de abril de 2019

Paulinho

Encontrei hoje ele ao meio dia. Não faria a menor diferença se ele fizesse de conta, mas é que a gente teve uma história juntos e acabamos com o mesmo pensamento, no trabalho a gente precisa saber levar, uma mão lava a outra. Paulinho era motorista, mecânico, um sujeito e tanto, daqueles que a gente sempre precisa por perto, eu não poderia ter conhecido uma pessoa melhor naquela época em que tudo era difícil. O mais interessante é que ele me ensinou a fazer o carro andar quando não tinha a menor condição de andar, do tipo fazer o carro ligar sem o arranque, entrando debaixo do carro, deixando a chave ligada e com uma chave de fenda dar a partida. Na vez que eu mais precisei que o arranque funcionasse, ele funcionou, os anjos andavam junto comigo. Certa vez num motel, caí dentro de um buraco, eu fui buscar uma pessoa e quando fiz a manobra a parte de trás ficou pendurada, coisa muito séria. Algumas coisas acontecem sem a gente querer, sempre me ligavam para resolver as coisas que eu não tinha a verdadeira noção do perigo, como quando fui buscar um anel que uma amiga deixou num dos quartos de um hotel, lá fui eu, sem medo e as coisas bem que eram normais para as ocorrências. Ele disse que a gente não se via desde o acidente em que ele bateu atrás do meu carro numa avenida quando eu estava indo ao trabalho, arrebentou o meu para-choque, quando eu vi que era ele, fiquei tranquilo. Eu achava que a gente tinha se visto depois outras vezes, mas isso não faz a menor diferença mesmo, o quanto ele teria para contar sobre a época que a gente trabalhava junto, não sobre a gente, mas sobre os outros é que não poderia passar em branco, todo mundo tem alguma coisa para relatar quando se é motorista durante tanto tempo, mas tem uns, mais que os outros, que tem alguma coisa a mais, esse é a grande diferença entre as pessoas.

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