Cartão de visita

Nos tempos de internet, pra quê? Eu ainda tenho vários de que não servem para absolutamente nada. Teve uma época que eu fabricava e vendia os cartões, poucos tinham dinheiro para pagar, golpistas que tentavam sobreviver nas costas dos outros. Eu tive no máximo cinco, uma de uma grande empresa, eu não merecia, o cargo exigia, mesmo assim eu não ostentava, a empresa era pública e eu queria me livrar dos rolos com as empresas, valeria a pena a dar às gatas, que trocariam olhares, lançariam oferendas e me veriam escapulir no primeiro contato íntimo e pessoal, eu gostava das mulheres, mas não gostava delas o suficiente para ficar com elas, a exigência de ser uma pessoa normal era muito para mim, eu não era assim, eu era apenas um aventureiro e um fixador de relacionamentos, do tipo, se o casamento está em crise ou precisa-se de um momento a dois para conversar e trocar intimidades, eu poderia oferecer meu cartão e meus préstimos, sem falar na companhia da dança e do andar de mãos dadas, do romantismo e da troca de travesseiros misturados a sentimentos de total atenção, sempre foi isso que as mulheres sempre quiseram, atenção, compreensão, serem desejadas, amadas; mas isso é um serviço, meu cartão teria agenda somente para quem realmente precisasse, depois viriam outras opções, faltaria espaço e condições físicas e emocionais, o maior problema que envolve um Homem é a sua credibilidade e o seu pouco tempo para sonhar e  para o sono.
Quando chegamos ao ponto de não vermos mais sentido nos cartões é porque a nossa capacidade de empreender e se estender ainda como articulador de possíveis jornadas de trabalho, estão a eira do precipício, caindo pelas paredes do não dar mais a devida importância as coisas; o que vemos de fato é que quando queremos um trabalho de qualidade, com um cartão bem produzido, acabamos por ver que ele custa caro, além das nossas posses e acabamos optando por um serviço mediano e caseiro muitas vezes, sem qualquer vínculos com uma cobrança extra por cartão magnético.