sexta-feira, 21 de novembro de 2014

O futebol e o brasileiro...


·    FUTEBOL E O BRASILEIRO  (esse texto foi escrito em 12/08/98)

 

 

Não faz trinta anos que estive no Maracanã pela primeira vez. Tinha doze anos naquela época e meu pai pediu para que eu entrasse sem pagar, visto que éramos de poucos recursos. Ainda me lembro da sua conversa  com o porteiro:            

- Deixa ele entrar vai, nós viemos de Porto Alegre, de tão longe, só para conhecer este estádio... vai dá uma mão... .  Que situação difícil para um garoto daquela idade... senti falta da pipoca.

- Pois o cara deixou passar, incrível...passa por baixo , vai...

Nesses  tempos vivenciamos outra jornada marcantes. Foi quando o Santos, de Pelé, esteve no Olímpico, antes da Ampliação do estádio(que só ocorreu em 78), jogando com o Grêmio:

- Têm criança! Têm criança!

 Naquele zero a zero não me lembro do rei. Talvez tenha sido como o Ronaldinho na  França em 98, não jogou nada e foi considerado o melhor jogador da copa. O estádio não tinha espaço para mais nada mesmo, foi impressionante. Ver o Pelé jogando, realmente meu pai era corajoso, um amante do futebol.

Papai fazia questão de assistir jogos bons, uma vez me levou num flamengo e inter, no Beira-rio, e vi o Rodrigues Neto fazer um golaço como nunca tinha visto antes, talvez parecido com aqueles cruzamentos que o Carlitos fazia. Parece que depois o tal lateral foi contrato pelo Inter.

Mas em falando em espaço, estava assistindo, em companhia do meu amigo João, no Olímpico, a um Grenal.  O João era meio caipira, vindo de Passo Fundo, tinha umas manias meio gozadas. Estudante de Engenharia Elétrica na época,  transformou um rádio movido a válvula ,com alguns arremates, num a pilha e levava para o jogo. Era do tamanho de uma TV 14 polegadas, antigo e um pouco espalhafatoso. Estádio cheio, lotado mesmo, apontei para o João sobre um clarão que se abriu no outro lado do estádio, e como o pessoal se movimentava, mais rápido e mairápido e mais e ... quando nos demos por conta e nos encontramos novamente, o João estava somente com a tomada do rádio e dali pôr diante nunca mais fui de chinelo para o estádio.

E o Gainete naquele grenal da voadora, o que foi aquilo?  Meu primeiro grenal indo no estádio ... que decepção! Juro que não conseguia perceber o que passava.  Naquela época  a rivalidade das torcidas era maior. Só não foi expulso o Alberto e outro que não me lembro muito bem. Ao entrarmos no estádio, o meu tio levou uma laranjada no olho esquerdo só não entendo como não quebraram os óculos.

Houve daquela época para cá aqui no RS uma mudança de mentalidade certamente atribuídos há vários fatores, mas principalmente que o Grêmio virou um time internacional. Mas os malucos continuam a aprontar: bombas explodindo em ônibus, torcedor se atirando das cadeiras, torcidas organizadas sendo  extintas pela justiça no Brasil, etc...

Assim como o torcedor do inter têm lembranças muito boas como o grenal do século e o campeonato gaúcho de 69(graças ao Ibsen e a sua imposição junto ao juiz), lembro-me, como gremista  que sou,  e mesmo depois de muitas conquistas, dois grenais especiais: o primeiro, um empate, com gol de Mazinho aos 43 min do segundo tempo no Beira-rio lotado. E o segundo, na época do Figueroa, Falcão e Marinho Peres uma vitória de três a um com gols de Zequinha,  a noite,  no Beira-rio. Quem que estava no estádio naquelas duas vezes não se lembra

Jogos históricos e vorazes numa época em que se podia beber e fumar dentro do estádio, em que mulher raramente aparecia naquelas bandas e o futebol era cercado de místicas e devaneios como de um mundo completamente voltado para o Homem e de muito pouca ou quase nenhuma valorização da mulher. Tempos bicudos!

 

          

 

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