segunda-feira, 6 de maio de 2019

Somos mais carentes do que pensamos - baseado num texto de J.J. Camargo

Eu achava que a doença do século XX era a depressão, não a solidão. Ser solitário é para os fortes. É quando tudo que você acreditava sai do seu controle, muito pouco há o que se fazer, porque o tempo passou: o trabalho não é mais uma forma de se relacionar, a busca incessante do reconhecimento não passava na verdade de uma fraude, era apenas a questão da sobrevivência de quando chegar no final, tentar chegar bem, ou o melhor possível. É essa hora que se da conta que não dá para mais para voltar atrás, agora só para frente e o tempo é muito curto, há de se viver com de melhor que se tem possível, dentro de um campo muito estreito. Se durante esse período de tempo você não mudou o roteiro do filme e continuou seguindo o mesmo caminho, então você vai se deparar com você mesmo, isso sim é um problema e a solução é de difícil viabilidade, você está velho e dependente, cheio de manias e sabe-se lá o que mais, mesmo com filhos, netos, cachorros e papagaios, você está se encarando no final. Agora, se você chegou em algum momento e viu o que ia acontecer e mudou o caminho completamente, então você ainda tem alguma coisa para falar para você mesmo na hora aquela de encarar a sua própria imagem, você ainda terá mais tempo do que imagina. Você ainda vai ter esperança de que alguma coisa ainda vai acontecer de importante na sua vida, mesmo que você não possa fazer mais nada a respeito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, se você tiver coragem...