segunda-feira, 22 de junho de 2020

Legítima defesa imaginária

Bem, parece que a capacidade criativa acabou me contaminando de uma tal forma, que o vazio se instalou dentro de mim, o isolamento se instalou de uma forma tão intensa que acabei não tendo mais tempo para escrever o que realmente importa aqui, mas não tenho muitos registros realizados durante esse tempo. Cheguei a ficar 30 dias sem encontrar alguém que tivesse alguma coisa a ver comigo, acabei me perdendo no mundo de mensagens e telefonemas que me colocavam de volta ao mundo real, mesmo assim, quem sabe do que de fato as pessoas estão passando em suas vidas e a forma como estamos lidando com o imaginário, com o que não sabemos que ainda estava no calabouço dos nossos pensamentos. Certo do que não acontecerá depois, temo a possibilidade de não querer sair, pois o que nos espera depois é muito mais amplo do que se pode perceber, mudaremos com o nosso próprio eu, com a nossa visibilidade e com a nossa estrutura emocional, todos estamos pensando que alguma coisa poderá nos afetar agora e o que verdadeiramente vai afetar o nosso vínculo com o que pensamos sobre nós mesmo e a nossa política de auto preservação. Se não fosse o trabalho, certamente os pensamentos iriam consumir tudo o que temos passado sobre esse momento.
É essa a nossa grande e legítima defesa imaginária a proteção sobre aquilo que não vemos e não sabemos em relação a forma de agir depois do confinamento, tanto quanto ao soldado da PM que atirou pois o confundiu a arma com o celular, a roupa com a de um assaltante, de um delírio de ação em pró da sua defesa pessoal, como um recurso que o absolve sem a intenção de matar, não o julgando mais pela culpa como em todos os casos, desde então, veremos uma nova ordem de lidar com o mundo real e as pessoas que nos cercam e nos incriminam por crimes que nem cometemos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente, se você tiver coragem...